O que poderia explicar o número de casos expressivo de danos por feitiços no refúgio mágico?
Redatora: Natsu Nomura Sakurai
Os hospitais bruxos certamente tiveram muito trabalho durante a guerra, seja por feridos de ações militares ou pelos traumas que esse triste período deixou em várias mentes. Dentro de um refúgio, depois da dolorosa evacuação de Queerditch, era de se esperar que os medibruxos tivessem um pouco de trégua, no entanto, casos de danos por feitiços parecem não diminuir. Passando alguns meses dentro do novo lugar onde enfermos bruxos são tratados, ao qual evitaremos citar o nome propriamente dito por motivos de segurança, alguns casos interessantes foram observados. Bruxos aparecem com ferimentos causados, aparentemente, por treinos de duelos, como o caso de uma mulher que treinava o feitiço Partis Temporus e acabou se queimando, já que estava fazendo seu treinamento em chamas de Incendio. Outro exemplo foi um bruxo que, ao treinar feitiços novos com sua namorada, terminou sem os ossos de uma das pernas. Os feitiços transfiguratórios não ficam para trás, como uma adolescente que ficou com traços felinos e um homem que, aparentemente, tinha se transmutado em uma cadeira e foi trazido por sua esposa para o estabelecimento de cura.
Acidentes com feitiços sempre ocorreram na comunidade bruxa, mas poderiam esses novos casos ser um efeito da guerra? Os bruxos teriam adquirido um maior interesse por feitiços combativos nos últimos tempos? Procurando mais informações a respeito, conversamos com uma das curandeiras do estabelecimento, ao qual vamos nos referir apenas como Caeli. Perguntamos a ela qual era o perfil dos pacientes que costuma atender. "Eu sou uma curandeira especialista no departamento de feitiços gerais. Portanto, tendo a atender às altas necessidades de pacientes que estão praticando feitiços básicos e acabam feridos. Claro que, em alguns casos, os bruxos se descobrem criadores de novos feitiços, mas acabam falhando e vem parar na ala também. Em anos na profissão, posso dizer que a maioria das consultas é para adultos. As pessoas pensam que, quando adultas, podem experimentar dessa incrível arte sem moderação. Como especialista, muitas vezes vejo os bruxos em idade escolar serem mais responsáveis com o uso da magia. Acho que esta é a resposta que posso dar agora, obrigado." Pelo testemunho da curandeira, aparentemente seus pacientes possuem apenas uma predisposição a criar, testar ou praticar feitiços novos, não necessariamente isso tendo qualquer relação com a guerra.
Outro caso que também chamou bastante atenção, talvez o que tenha chamado mais atenção de todos os presenciados, foi o de uma mulher que chegou ao cuidado dos curandeiros com tonturas e dores de cabeça. Maiores investigações de nossa equipe descobriram que a enferma estava sofrendo de uma maldição, Engorgio Skullus, ao qual faz o crânio da vítima crescer de forma desproporcional. Conversamos então com a curandeira que ficou responsável pelo caso, chamaremos de Alexia. Perguntamos a profissional se ela acredita que a população do refúgio está ou não mais interessada em feitiços perigosos, como a maldição utilizada. "É difícil afirmar com precisão o que se passa na cabeça de cada indivíduo, principalmente considerando todo o cenário em que vivemos, mas como curandeira especialista na área posso confirmar que casos envolvendo feitiços das trevas ou perigosos estão cada vez mais recorrentes e os responsáveis por tais danos nem sempre estão relacionados a grupos que praticam a arte das trevas. No mês de setembro, por exemplo, contabilizei cerca de sete casos envolvendo as maldições Skullus causadas de forma intencional ou não." Alexia também deixou hipóteses sobre o porquê do observado por ela, podendo ser uma junção de fatores como a falta de um órgão para fiscalizar e controlar o uso desses feitiços, o convívio que as pessoas do refúgio tiveram com o grupo chefiado por Nyx El Bianco ou o fato dos jovens terem contato com as artes das trevas quando a bruxa mencionada ficou como diretora da escola, fora o ano em que passaram em Durmstrang, instituto de magia conhecido por simpatizar com o ensino das trevas.
Observando as descrições divergentes entre uma curandeira e outra, nada mais esclarecedor do que ir atrás do testemunho de um dos moradores da ilha. Entrevistamos uma mulher ao qual chamaremos de Ha-Yun e perguntamos se, durante a sua estadia na ilha, ela teve interesse em aprender feitiços novos por causa da guerra. Pensativa, Ha-Yun respondeu: "Eu costumo sempre me manter aberta a aprender coisas novas e num momento como esse, onde precisamos nos proteger e nos reinventar, muitas coisas são aprendidas sobre o mundo e sobre nós mesmos. Sempre que foi necessário que eu aprendesse feitiços novos eu me propus a fazer isso porque eles são a única coisa que nunca vão poder tirar de nós, independente das circunstâncias. Então eu diria que sim, tive interesse por novos feitiços nesse período e me abri para aprendê-los e incorporá-los no meu novo dia a dia." Ha-Yun terminou com um sorriso. Segundo a resposta dela, podemos inferir que sua motivação para aprender feitiços novos é a preservação de sua cultura bruxa, visto que o conhecimento em magia jamais poderá ser tirado de dentro dela e, por consequência, de outros bruxos também.
Seja pelo apreço de criar feitiços novos, pelo terror da guerra e convívio com os vipers ou pela preservação da cultura bruxa, é inegável que os bruxos refugiados estão tendo mais interesse por aprender feitiços novos, o que acaba causando um maior número de acidentes causados por feitiços. O aprendizado é sempre algo que deve ser incentivado, no entanto, a equipe do Profeta Diário lembra aos “criadores de feitiços” de como cautela é necessária, ainda mais quando o assunto envolve magias novas. São necessários sete anos de escola de magia bruxa para ensinar os feitiços comuns a um bruxo, fora mais anos a que alguns se dedicam para se especializarem em uma área. Deixamos também uma mensagem de Alexia para os bruxos que podem vir a estar aprendendo feitiços novos para apresentar uma espécie de justiçamento em relação à guerra: "Para vencer a guerra conhecer o inimigo é importante, no entanto é preciso não sucumbir ao que fazem deles inimigos, caso contrário se juntará a eles." Quanto àqueles que estão preocupados com a preservação da cultura bruxa, lembre-se de que um bom registro também é sempre útil, ainda mais quando muitos outros artefatos foram perdidos durante tal guerra. A história sempre faz bom uso de um registro, tal como este jornal faz em contar a história da sociedade bruxa através de suas matérias buscando a maior credibilidade possível.