E mais uma problemática fugindo das mãos bruxas
Redator: Liam Chandler Wichbest
If there's something strange in your neighborhood, who you gonna call?(Se algo estranho acontece em sua vizinhança, quem você irá chamar?)
Normalmente a resposta imediata seria: o Ministério da Magia. Casos de fantasmas assombrando ambientes trouxas não são tão incomuns quanto parecem e para resolver os incidentes, normalmente as autoridades bruxas fariam uma visita à localidade trouxa para entrar em um acordo com o fantasma, se este for consciente de suas ações, ou apenas afastá-lo com o Skurge em caso de conflito. Mesmo assim, milhares de trouxas, anualmente, continuam relatando a presença de espíritos em ocorridos assustadores e paranormais, embora apenas metade deles realmente diga respeito a um fantasma de verdade. Isso porque para um espírito permanecer preso à terra, ele precisa ter sido, primordialmente, um feiticeiro anteriormente. Como diz uma citação de Suzanne Bansheew, uma bruxa especialista na área de estudo dos espectros do além: “Um fantasma é a impressão tridimensional transparente de uma bruxa ou mago falecido, que continua a existir no mundo mortal. Os trouxas não podem voltar como fantasmas, e as bruxas e feiticeiros mais sábios escolhem não fazê-lo.” Se não por escolha própria, alguns espíritos vagueiam o mundo por estarem ligados a algum “negócio inacabado”, seja por sentimentos permanentes de apego, arrependimentos ou mesmo vingança em relação a algo ou alguém. Cientistas trouxas, em sua grande maioria, são céticos quanto à existência de fantasmas, o que cai no gosto popular como lendas para assustar crianças e adultos em feriados de Halloween. Entretanto, com a quebra do sigilo mágico entre os dois mundos, como fica a crença popular em relação a esses espíritos? Quem está cuidando de proteger também o conhecimento sobre fantasmas e outras “assombrações” aos olhos mundanos?
Desde o começo da guerra, muito se preocupou com a dimensão gigantesca do mundo mágico e em como se conseguiria esconder tudo das mãos e ações do adversário. Bruxos não foram os únicos a sofrerem, mas assim como criaturas e seres mágicos que passaram a ter um descontrole quanto à distância perante aos trouxas. Entre esses grupos de risco, entram os espíritos, assombrações e fantasmas, o que em geral, são quase a mesma coisa. É importante dizer que o Ministério da Magia sempre tratou de manter um olho nos seus colegas de outra dimensão, com a Divisão Espiritual, no Departamento de Regulação e Controle de Criaturas Mágicas, responsável por tratar do bem-estar dos fantasmas. Embora não se precise afirmar que atualmente o poder do Ministério caiu, assim como as suas influências, a ação desses bruxos e bruxas mortas nunca dependeu muito da autorização de bruxos vivos de alto escalão. Em boa parte, fantasmas agem por conta própria e alguns deles não ligam muito para regras mortais, considerando que já não podem mais sofrer a pior das hipóteses como punição. “Eu nunca precisei receber ordens de outras pessoas quando era vivo, continuarei não recebendo agora que estou morto.” É o que relata Charles Dodgen, ou mais conhecido pelos estudantes de Hogwarts como o “Cavaleiro com uma flecha saindo da testa”. Um fantasma que habitou o interior das paredes milenares da escola e precisou se retirar do castelo por ter se tornado um ambiente muito hostil. “Não me assustam os trouxas e suas armas, mas aquele lugar... Se tornou insuportável até para quem já morreu.” Dodgen diz que as energias de Hogwarts não são mais as mesmas desde a evacuação dos alunos e alguns fantasmas que não tem ligação direta com a escola, trataram de procurar outro lugar para assombrar. Ele e mais seis companheiros incorpóreos agora vagueiam pelas ruínas de uma mansão abandonada em um lugar qualquer da Inglaterra. “Encontramos até mesmo o antigo feiticeiro que aqui assombra. Um homem muito solene e gentil que nos recebeu com muita tristeza. Não podíamos esperar algo pior.” Fantasmas como Dodgen não temem muita coisa nesse cenário, pois a distinção dos trouxas em relação à eles é bem fraca. Aqueles que não possuem magia no sangue dificilmente enxergam um espírito senão tomado por um borrão ou uma imagem confusa. O que aconteceu com fantasmas em forte conexão com a escola, como é o caso de Nick-Quase-Sem-Cabeça, Frei Gorducho, Dama Cinzenta, Barão Sangrento e até mesmo a Murta-Que-Geme, se tornou incerto para muitos, embora fique subentendido que alguns permaneçam escondidos nas dependências de Hogwarts.
Fantasmas sociais são fáceis e relativamente simples de lidar, mas aqueles que não têm controle de suas ações tem se tornado um problema frequente. A cada dia, mais incidentes envolvendo trouxas e espíritos são noticiados e muito deles envolvem a situação de bruxos mortos vinculados aos seus antigos lares. O fantasma de Charlotte Hendwich, uma bruxa que morreu no século XVII, incendiou a sua casa antiga quando ela foi adquirida monetariamente por uma família trouxa. Felizmente ninguém sofreu nada mais que ferimentos leves, mas o casal afirmou que sentiu a presença sobrenatural agindo enquanto fugiam. O mesmo tem ocorrido com poltergeists, embora esses brincalhões irritantes não sejam propriamente fantasmas. Sem o controle do Ministério, são ainda mais frequentes as presenças de poltergeists assombrando escolas ou encontros juvenis. Um jogo de rugby em uma escola de ensino fundamental foi seriamente perturbado quando um poltergeist possuiu o telão principal e exibiu cenas de todos os jogadores sendo furiosamente mutilados por facas e serrotes. O mesmo ocorreu no interior da Irlanda, quando jovens em um acampamento foram surpreendidos por uma ilusão de um personagem famoso do cinema trouxa, Jason - pronuncia-se Djeizu -, atacando o camping, o qual não passou de uma brincadeira de mau gosto de um poltergeist. Embora retirar essa criatura amortizada de um ambiente esteja além das capacidades de um bruxo, o uso de feitiços de esquecimento poderia aliviar o alerta dos trouxas quanto às ações deste. Outro tema de debate são as maldições. Cresce o número de trouxas afetados definitivamente por objetos amaldiçoados manuseados por mãos inexperientes. A pilhagem de itens mágicos tem sido um problema desde então, pois parte deles reage mesmo na presença de pessoas com incapacidade de usar a magia. É o caso de alguns itens amaldiçoados. O último acontecimento recorrente foi a libertação de um espírito vingativo preso em uma urna, guardada há séculos em um porão de uma família bruxa, afastada pela guerra e com as suas dependências pilhadas por representantes trouxas. Com o mau uso da urna por um soldado trouxa, o homem libertou para si uma maldição que basicamente o assombrará pelo resto da vida, na forma de uma mulher horrorosa coberta de sangue. Um problema desses nem mesmo a tecnologia trouxa conseguiria resolver.
Sem a tutela do Ministério da Magia, essas criaturas do além permanecem tomando os seus próprios rumos, dependendo do quão estão cientes de toda a problemática. Como essa situação terminará continua sendo uma incógnita assim como muitos outros direcionamentos do conflito bruxo-trouxa. O mais triste é entender que o número de fantasmas continuará crescendo caso mais bruxos e bruxas permanecem suscetíveis a mortes em combate, na forma dos próprios espíritos vingativos buscando resolver suas pendências com aqueles que lhe atacaram bruta e injustamente. Enquanto não resolverem as suas pendências, continuarão sendo impedidos de adentrarem na outra dimensão e este é um sofrimento que nenhuma alma deveria passar depois de terem lhe tirado o seu bem mais precioso.