Por: Aaliyah Martín del Río
Os padrões de beleza impostos pela sociedade encontram a todos nós, mas devo ressaltar que aqueles impostos às mulheres são mais fortemente reforçados e dão mais abertura exclusiva para que sejam oprimidas. Agora, acho importante deixar evidente que essa imposição de padrões não se encontra excluída de nenhuma esfera social, seja no âmbito público ou privado. E uma esfera que muitos acreditam não haver essa opressão é a do esporte, uma vez que dentro do esporte haveria a possibilidade das pessoas se descontraírem e competirem amigavelmente. No entanto, isso não impede que se faça dentro do ambiente esportivo um meio para os outros opinarem e dizerem o que está “certo” e “errado” em nosso comportamento e no modo como nos vestimos e parecemos. Para não parecer que todas as palavras que estão aqui são apenas argumentação baseada em teorias da conspiração, os próprios fatos obtidos a partir de observações simples comprovam o que já foi dito aqui. As jogadoras de Quadribol, em sua maioria são mulheres altas e extremamente magras, geralmente elas são forçadas a manter uma aparência que não pode nenhum pouco se parecer com uma jogadora de Quadribol quando estão fora dos campos. Além do fato de que não há mulheres afro descentes que possuam vagas em times que estão fora dos da África.
Eu mesma, enquanto estive jogando em um dos times latinos pelos quais eu passei, vivenciei casos onde mulheres que após tentarem um novo corte de cabelo ou ganharam alguns quilos a mais do que era esperado foram demitidas no dia seguinte. Não irei expor nomes para tentar manter o mínimo de integridade de todos os envolvidos, mas devo ressaltar que eu mesma já fui vítima de uma imposição de padrões estéticos fortíssimos, sei como é essa sensação. Especificamente depois de alguns meses de férias, voltei para o centro de treinamento com alguns quilos a mais e uma pele levemente mais bronzeada do que já tenho, foi o suficiente para eu ser colocada no banco de reserva até eu estar de volta a meu peso esperado e minha pele estivesse mais “embranquecida”. Um outro detalhe: dentro dos próprios treinos, minhas colegas me elogiavam (segundo elas eu estava tendo o melhor desempenho da minha carreira desde que tinha voltado de férias), diziam que o que faltava para ganharmos seria eu entrar no campo, no entanto nosso treinador não deu ouvidos a nada disso. O fato que ninguém queria deixar espairecer era de que meu rosto estava levemente mais cheio, e tive sorte de apenas ter ido para o banco de reservas.
Não é novidade para ninguém no mundo do Quadribol feminino que as jogadoras sejam humilhadas nos vestiários, submetidas a dietas absurdas e nada saudáveis, tenham que modelar seu corpo, seu cabelo, seu andar, seu modo de se vestir. Pergunte a qualquer jogadora profissional de Quadribol, todas lhe dirão que já viram algum caso dentre esses que citei ou já passaram por isso. O fato é que mesmo no Quadribol, onde demonstramos que podemos bater de frente com os times masculinos, passamos por tentativas de dominação e opressão. Somos vendidas para todo o público como bonecas, quando na verdade só queremos ser humanas e termos nossa própria aparência, sem ter que pedir a permissão de alguém para sermos nós mesmas. E a solução para isso, definitivamente não é apenas ficar de braços cruzados observando tudo.