Por: Annie Miller Slowli
Apesar da periculosidade das florestas que os cercam, os vilarejos bruxos europeus são conhecidos pelo aconchego encontrado em seus estabelecimentos rústicos e pela proximidade com a natureza. O estilo de vida com influências rurais fazem alusão ao período medieval, presente em elementos como estalagens com mesas fartas e pescadores na beira de rios que cruzam vales arbustivos. Tal cenário é alheio à metropolização de cidades trouxas e compõe a marcante identidade cultural de seus habitantes.
A norueguesa St's Mall's, junto a Ottery St. Catchpole, localizada na Inglaterra, é um exemplo primo da tradicionalidade de vilarejos europeus. Nelas, os sons da corda de músicos ou aspirantes a tal invadem as ruas de pedra e revivem a história presente nas letras das canções. Sopas de tubérculos e carne provinda de caça assopram a fumaça para o céu escuro acima dos caldeirões. Técnicas rotineiras de adivinhação e jogos típicos são ensinados para os mais jovens. Núcleos familiares aproveitam o calor da fogueira para contar histórias assombrosas que supostamente se passaram em noites geladas na floresta. Durante o dia, as crianças praticam jogos típicos nos arredores de onde moram ou movem-se com os pais até a parte mais central do vilarejo, onde ajudam-nos com suas atividades cotidianas e têm contato com seus conterrâneos.
De um modo geral, as famílias de vilarejos costumam possuir uma quantidade numerosa de filhos, mas, diferente da maior parte do Mundo Bruxo, não é comum a convivência de várias gerações e parentescos em uma única mansão ou castelo. Os bruxos mais abastados, além da casa principal, possuem instalações externas (como celeiros e casa no lago), campos particulares de Quadribol e vastas propriedades de terra. As menos favorecidas contam com moradas simples nas áreas mais urbanas ou com propriedades rurais singelas. O comércio é composto por lojas, bares e hospedagens de pequeno porte. As principais mercadorias são suvenires do artesanato local, ervas medicinais retiradas da floresta e produtos de origem animal.
Um dos maiores obstáculos para moradores de vilarejos campestres são as temperaturas extremas nos meses mais frios do ano. Mesmo com o uso de magia para manter o clima mais agradável em locais fechados e a possibilidade de viver temporariamente em outro país com clima menos rigoroso, saem prejudicadas as atividades de plantio, turismo e, consequentemente, comércio, que representam boa parte da renda de povoados. Os menos afetados são os vilarejos com um turismo muito forte e que possui demanda durante todo o ano, como Queerditch e seus museus, pubs e o notável estádio de quadribol.
Além dos perigos nas florestas, por conta de criaturas mágicas agressivas e até mesmo assassinas, outros pontos negativos são os índices de criminalidade e desaparecimentos razoavelmente acima da média do Mundo Bruxo e a porcentagem também maior de crianças de 11 anos de idade ou mais que estão fora da escola de magia formal. O isolamento dessas regiões prejudica também o acesso a outros serviços públicos básicos além da educação (como hospitais bruxos), a fiscalização de setores diversos pelo Ministério da Magia de seu respectivo território e a circulação de uma imprensa local.
Apesar de tais desafios, o modo como espaço e sociedade estão interligados nos vilarejos europeus, a valorização de suas peculiaridades culturais e a forte tradição hereditária de costumes, arte e saberes populares indicam que a existência da comunidade campestre bruxa ainda tem pela frente um longo caminho de prosperidade.