Por: Annie Miller Slowli Crianças inquietas apontando o dedo para a vitrine de uma vassoura Firebolt, o suspiro geral de torcedor...

Segurem suas vassouras: o Quadribol está em crise


Por: Annie Miller Slowli


Crianças inquietas apontando o dedo para a vitrine de uma vassoura Firebolt, o suspiro geral de torcedores histéricos antes de uma mudança de placar, grupos de jornalistas ao redor de celebridades do esporte. Você pode até relacionar essas situações ao Quadribol, mas, ultimamente, o esporte mais popular do mundo bruxo não anda tão em alta assim. O que vemos agora são chalés e quartos vazios há meses na Estalagem O Pomo de Ouro (em Queerditch), a loja de Artigos de Qualidade Para Quadribol como o estabelecimento menos visitado do Beco Diagonal e armários de vassouras voadoras abandonadas nas casas bruxas. Esse cenário é bem diferente, por exemplo, daquele apresentado durante a mais recente Taça Europeia de Quadribol. Como foi que tal esporte, ao longo desse tempo, apresentou um declínio tão acentuado na sua popularidade? O Profeta Diário entrou em contato com jogadores e autoridades para esclarecer essa questão e difundir qual o futuro do Quadribol no Mundo Bruxo. 

O principal indicativo da baixa popularidade do Quadribol é a situação dos times da Liga Britânica e Irlandesa. Todos eles possuem vagas que dificilmente são preenchidas e um número insuficiente de jogadores. Aloha Stavros Beoulve, artilheira e única jogadora do time Orgulho de Portree, afirma que o interesse pelo esporte já não é mais o mesmo há anos: “Os anos vão passando e as gerações também. Existiu o tempo da ‘geração Quadribol’ no Mundo Bruxo, assim como o tempo da ‘geração duelos”, e isso foi diminuindo aos poucos, primeiro de forma quase imperceptível até chegarmos no momento em que chegamos, infelizmente.” Sobre ser a única jogadora do Orgulho de Portree, ela acredita que a falta de interesse em fazer parte dele se deve ao fato de não ser um time com uma torcida grande, como o Tornados de Tutshill, o Harpias de Holydead e o Canhões de Chudley. O Canhões e o Tornados, vencedor da última Liga, apresentam maior estabilidade em relação ao número de jogadores dos demais times, ainda que não muito à frente. 

Para Aloha, um fator que interfere na quantidade de bruxos interessados em ser jogador profissional é a falta de vantagens que o cargo oferece em troca dos árduos treinos e partidas; além de ter que conciliá-lo com a conclusão dos estudos em Hogwarts ou com outra ocupação no Mundo Bruxo, como é o caso dela, que é também Chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia. “As pessoas não gostam de não ganhar nada em troca, e esse é um problema sério que gera desinteresse. Atualmente, a situação anda tão precária para o Quadribol que até mesmo as poucas pessoas que ainda tem interesse em jogar já não têm muito o que fazer. Há algum tempo não acontecem jogos profissionais além dos treinos e amistosos, o que dificulta bastante a divulgação do esporte e o interesse dos bruxos. Eventos que envolvem o quadribol são poucos, causando desmotivação até mesmo em quem já está no time.” 

Esse hiato de eventos de esporte de grande porte que vem se estendendo nos últimos anos, porém, não deve ser resolvido com a chegada dessas férias. O transtorno envolvendo a morte de Vicenzo Bertolin manterá a atenção da população e das instituições para emergências relacionadas às criaturas soltas, em vez de assuntos menos preocupantes e descontraídos, como o Quadribol. Além disso, dado o risco do ataque de uma fera mesmo no Reino Unido, o Departamento de Jogos e Esportes Mágicos entrou em contato com os representantes de todos os times oficiais, o que inclui clubes de Derrubada, Malhaporco e Pedras de Gob, para informar que todas as partidas de quaisquer campeonatos serão adiadas enquanto esse problema não for solucionado. Observa-se também que 80% dos cargos desse Departamento, o Nível 07, estão vagos, o que equivale a quase 40% das vagas totais de um Ministério com 12 Departamentos. Provavelmente os motivos das vagas estarem em aberto estão relacionados a problemas internos, mas a baixa popularidade do Quadribol pode afastar interessados em ocupar tais funções. Vale ressaltar que uma delas é o de Chefe do Departamento, então um tempo prolongado sem bruxos que ocupem tais cargos prejudica o funcionamento do Departamento, ainda mais num momento de tensão como o que o Mundo Bruxo passa.

Não é só a Liga Britânica e Irlandesa que passa por um período de falta de jogadores e de participação em eventos relevantes. Hogwarts também passa por dificuldades nesse sentido, e, por isso, o Profeta Diário convidou o Capitão do Time da Grifinória, Athos Wichbest Campbell, para comentar a situação do esporte na escola. Logo na sua apresentação, podemos perceber que outra desvantagem de ser um jogador é estar submetido ao julgamento de todos ao seu redor: “Eu sou Athos Lancastell, fui escolhido como capitão do time de Quadribol da Grifinória no início do ano passado pelo Diretor da Casa, Sam Wichbest, que coincidentemente é capitão dos Tornados de Tutshill, meu time favorito. Ao contrário do que muitos pensam ou até falam, o Sam não me escolheu apenas por eu ser sobrinho dele; eu tenho uma história dentro do Quadribol de Hogwarts que começa no meu primeiro ano, quando entrei para o time. Joguei nas duas Copas que tivemos desde então, fui vice capitão por três anos e assumi como capitão interino um ano antes de ser escolhido como capitão oficial. Ou seja, pessoas (e criaturas também) falam do que não sabem.” 

Ele comenta também os contratempos que ele e o time enfrentaram durante o ano e a falta de eventos de Quadribol na escola: “No início do ano letivo, meu vice capitão, Osmar Wichbest, e eu convocamos vários alunos da Casa para se juntar a nós e formarmos um bom time, com garra, para trazer outro campeonato para a Grifinória. Tivemos um número considerável de interessados e começamos com os treinos, mesmo sem ter um time formado. Treinávamos com todos que se interessavam em participar, mas aos poucos os números foram minguando. Eu acredito que o maior obstáculo que tive de enfrentar este ano foi a falta de disposição da maioria, e tempo, devido aos estudos que se tornaram muito intensos para eles. Atualmente não temos um time oficial. A minha estratégia foi esperar pela decisão final dos diretores da escola a respeito da Copa de Quadribol. Pois, como a escola anda em falta com o esporte, o futuro desse ano também era incerto. Acabou que não aconteceu a Copa e, com isso, não rolou a convocação oficial do time, mesmo eu já tendo os nomes em mente.” 

Sabe-se que um dos pontos mais negativos nos jogos de Hogwarts e da Liga é o conflito entre o juiz e a vontade de jogadores e torcedores. No êxtase do jogo, acontecem acusações (verdadeiras ou não) de que o juiz favorece algum time, confusões entre os jogadores (muitas vezes violentas), trapaças que violam as regras do jogo e atrasos para o início e para o fim dos jogos. Toda essa euforia, muito presente quando o Quadribol está em alta, faz com que profissionais que preenchiam os cargos os deixem de lado. E, da falta de profissionais, surgem problemas de organização de times e de eventos, o que influencia diretamente na popularidade do esporte. 

Athos explica também que os capitães não receberam um pronunciamento da direção sobre o cancelamento dos eventos de Quadribol, mas reconhece que eles não procuraram saber a fundo, para discutir saídas e possíveis soluções. “Não sei se foi devido ao comodismo, de simplesmente aceitar que foi mais um ano como os outros, ou por achar que já era uma batalha perdida. Mas eu tenho esperanças que, enquanto houver um pessoal disposto a reviver o esporte, o Quadribol vai continuar sobrevivendo mesmo que fora dos holofotes, até quem sabe formar uma nova geração de jogadores.” 

“Sobre a popularidade do Quadribol em Hogwarts, o que eu percebo é que, apesar de ter sofrido uma queda, ainda há muita gente interessada no esporte, sejam alunos mais velhos que realmente viveram a era do Quadribol na escola, ou até mesmo os mais novos que chegam abertos para viverem novas experiências. O que precisamos é uma divulgação maior e uma chance de fazer dar certo. No início do ano letivo, eu me reuni com os capitães das outras casas e nós estávamos dispostos a trazer o Quadribol de volta, mas o nosso plano acabou se perdendo em meio a tantas eventualidades que não foi dessa vez que conseguimos um retorno.” 

O Quadribol passa por momentos difíceis. Deve-se aproveitar esse período de impossibilidade de organização de um evento de grande porte (por conta das criaturas) para pensar no que pode ser melhorado em relação aos comportamentos durante os jogos, ao gerenciamento da organização de eventos e às funções dos jogadores. Como Aloha diz, “o que se espera é que mudanças aconteçam e que nosso esporte volte a ser reconhecido com a grandeza que ele tem!”. 

A baixa na popularidade do Quadribol não é algo que nunca tinha acontecido antes e pode e provavelmente vai se recompor conforme novidades forem surgindo. Alguns sinais de melhora já até começaram a surgir. Parte dos setimanistas do próximo ano letivo já se inscreveu nos times da Liga, e dois deles já foram aprovados como artilheiros. O mesmo interesse foi demonstrado pelos formandos de Hogwarts, que enviou um número considerável de inscrições. E, apesar de não saber de maiores detalhes, o Profeta Diário confirma que em breve haverá uma reforma na Liga. 

Para encerrar a matéria, nada mais adequado que citar a conclusão de Athos: “Aos leitores do Profeta Diário, eu sugiro que deem uma chance ao Quadribol. Vão aos campos, tirem as vassouras do armário e divirtam-se com seus filhos e amigos. Quadribol é bem mais do que apenas uma competição”.