Por: Peter Donati Pallas
AVISO: A matéria a seguir é fictícia e produto do ponto de vista de um personagem (On) que criou a matéria, tendo aspectos pessoais e a opinião do mesmo inserida no conteúdo geral. Não existe qualquer relação com o "Off", trata-se do ponto de vista/Opinião de seu editor, especulações e fatos fictícios. (Aviso Off)
Não é preciso ser muito ligado em economia para saber que a Grã-Bretanha vive um período de crescimento econômico e recuperação. Basta andar um pouco pelas ruas londrinas, para sermos bombardeados por notícias sobre o crescimento do PIB e um monte mais de coisa. Entretanto, essa realidade não pode ser vista como uma verdade por nós, bruxos. Não é novidade para ninguém que nossa economia sempre andou de maneira independente e livre da economia Trouxa, e agora que eles vivem este breve momento de ascensão, nós estamos caindo vertiginosamente. Para se ter uma ideia, uma moeda de galeão que sempre teve o preço equivalente a 5 libras (moeda comumente usada pelos Trouxas do Reino Unido), desvalorizou de tal forma que atualmente, com apenas 4.25 libras, é possível obter nossa imponente moedinha.
As expectativas não são das melhores. Converseis com Milton Moneytalks, um importante economista bruxo - conhecido por escrever o polêmico livro “A economia e a era Voldemort”, que trata sobre os benefícios que teríamos economicamente se o famoso Lord tivesse de fato conquistado o poder - que afirma que em pouco tempo, se continuarmos nesse ritmo, estaremos entrando em uma situação caótica. “...É provável que dentro de três meses, nossa moeda esteja equivalente a 3.50 libras esterlinas”, afirma Milton, e ele continua, “...Se não fizermos algo para brecar essa descida, dentro de um ano as coisas estarão tão caóticas que será mais vantajoso fazer voto de pobreza e vivermos como hippies. Se chegarmos a esse ponto, eu planejo abandonar minhas roupas, e cavalgar em um cavalo alado, de cidade em cidade, vivendo como um pedinte”. É, minha gente. Parece que a coisa é séria. E se vocês, assim como eu, não querem ser abordados por um senhorzinho de 75 anos, pelado, e montado em um Hipogrifo, é bom começarmos a tomar providências já.
De qualquer forma, creio que muitos de vocês estejam se perguntando o que de fato ocasionou essa tamanha crise. Como resposta, eu posso dizer que os motivos não foram apenas um, mas sim uma sucessão de fatores. Entretanto, o grande vilão da economia nos dias de hoje é justamente o pó de flu. Sim, exatamente aquele pozinho inofensivo que praticamente todo mundo já usou para viajar de lareira em lareira, ou para conversar com algum amigo querido. Para quem não sabe, o pó de flu foi inventado por volta de 1200 por Ignatia Wildsmith, e até os dias de hoje ainda existem dúvidas sobre o seu modo de preparo, tanto que grande parte da sua fabricação é feita pelo Ministério da Magia, ou por algumas empresas terceirizadas, que mantém sua fórmula como se fosse um segredo de estado. O problema é que recentes documentos vazaram a informação de que a matéria prima para o preparo do pó está extremamente escassa.
Que matéria prima seria essa? Ainda é uma incógnita (e não, não é o Flu). Mas o fato é que isso dificultou em muito a sua produção, o que fez com que o produto se tornasse difícil de ser encontrado, e levasse o preço às alturas, fazendo com que inúmeras famílias e estabelecimentos abolissem a sua utilização, focando em outros meios de comunicação e transporte. Inúmeras lareiras foram fechadas por conta disso, o que restringiu ainda mais as possibilidades que a rede de flu oferecia. E aos poucos, até as pessoas que tinham condições de pagar pelo pó, começaram a ver que tal tipo de comunicação havia se tornado inviável e obsoleta. O problema foi que a gente não sabia que nossa economia estava tão alicerçada em cima desse produto, e com a baixa da sua procura, o mercado começou a decair também. Lógico que para nós, bruxos maiores de idade e acostumados com a aparatação, as redes de flu nunca foram exatamente uma boa opção, mas aposto que muitos de vocês, assim como eu, passavam a infância viajando pelos entre lareiras, visitando seus amigos, ou até os chamando para uma conversa descontraída nas cinzas. Quem nunca tentou prender a cabeça dos seus amigos na lareira, que atire a primeira pedra.
Desse modo, nada mais justo do que acreditar que os grandes prejudicados por essa alta do pó de flu seriam as crianças, certo? Errado. Pelo visto cada vez mais os jovens estão evitando se encontrarem “face to face” com seus amigos, tanto que quando fui falar com eles sobre minhas alegrias juvenis com a rede de flu, eu fui tratado como um vovozinho de noventa anos. O exercício de visitar as casas dos amigos parece que se tornou algo totalmente raro e visto como uma ofensa grave a pessoa visitada. Como se pisar na sua casa fosse um ato punido a pena de morte. Já sobre conversas entre lareiras, também se tornou algo um tanto quanto repudiado. A regra atual parece que é: “quanto menos eu ver seu rosto e ouvir sua voz, mais eu gostarei de você”. Não me surpreenderei se um dia chegar em meio a um jantar de Hogwarts, e os alunos estiverem vestindo burcas e levantando plaquinhas para se comunicarem.
Mas voltando ao que interessa, mesmo sabendo que me sentiria ainda mais velho, questionei alguns jovens sobre os meios que eles usavam para se comunicar hoje em dia, visto que coruja é algo realmente lento. A maioria me respondeu que está apelando para os modos trouxas de comunicação (celulares, iphones, e seus aplicativos, coisas que o tio não entende muito bem). Isso claramente demonstra uma maior união entre a nossa cultura e a dos seres não-mágicos. Já nos locais onde a tecnologia é restrita, parece que a moda agora é um método um tanto quando bizarro. Seu nome ainda não é conhecido, mas consiste em os jovens contratarem um sujeito para aparatar e levar suas cartas até a pessoa escolhida. Ou seja, por uma pequena taxa diária, eu posso escrever uma carta para determinada pessoa, entregar para esse sujeito que não dá um pio e praticamente não se mexe, e ele irá aparatar para a casa do meu amigo, amiga, tio, avô, tanto faz, entregando o pergaminho em mãos. O tempo de espera da mensagem, então, é apenas o tempo que seu destinatário leva para responder e o sujeito aparatar ao seu encontro com a resposta.
Enfim, excentricidades a parte, o mundo está mudando. Não há como negar. E com isso também mudam as formas de se ganhar dinheiro. Os velhos padrões se tornam ultrapassados, e precisamos nos adaptar as novas realidades. Assim como eu, e muita gente da minha idade e mais velhas, precisamos entender que talvez as redes de flu já não sejam mais uma forma viável de comunicação. O Ministério precisa se reinventar. A economia também precisa se reinventar e se adaptar às novas formas de obter lucro. Talvez essa seja uma das únicas maneiras de sairmos dessa crise que nos encontramos.