Afinal como andam as árvores genealógicas de grandes famílias tradicionais?
Em tempos onde vemos trouxas e bruxos se enfrentando e a comunidade mágica britânica buscando abrigo para evitar ser dizimada por armas não antes imaginadas, é possível que alguns de nós pensem ainda ‘Como seria se nós tivéssemos mantido as linhagens o mais próximas da pureza possível?’, afinal, não são apenas trouxas que compõem nossos carrascos e inquisidores da atualidade, mas bruxos que como nós, estudaram magia, dominam a mesma e a emprestam para o uso contra o seu irmão: os purgantes. Buscamos conversar com líderes de famílias bruxas que estão entre nós há muitos anos, alguns, vindos do outro lado do oceano e outros que tem suas raízes firmadas bem aqui nessas terras e a descoberta foi muito interessante.
Enquanto uns acham que famílias que não aceitam a entrada de trouxas em suas linhagens buscam apenas a pureza no sangue e por consequência, na magia, em uma conversa com a líder de um clã com origens no Novo Mundo conhecemos um pouco sobre o outro lado da moeda, aquele que ainda retém memórias das dores causadas pela morte dos nossos em caçadas sangrentas ”É muito difícil falar sobre esse assunto, muitas famílias têm passados bem conturbados quando o assunto é esse. A maioria das famílias que ainda pregam a busca pela pureza do sangue fazem isso após muitos embates com a mentalidade trouxa que nunca foi adepta ao diferente. Mas a questão é essa, sabemos que eles não sabem as mesmas coisas que nós. Que eles não têm o mesmo conhecimento hoje, imagine como era cem anos atrás. A minha família foi forjada na caça às Bruxas de Salem, como eu poderia morrer de amores?”, conta ela nos levando para um aprofundado olhar de suas raízes. Mas engana-se quem pensa que o pensamento da mulher firme que nos fala se refere a uma visão dura e fechada, porque ela ainda nos surpreende continuando ”Evoluímos, o nosso passado ainda existe e não pode ser contestado ou modificado. Mas o futuro pode, o amanhã depende de como nos comportamos hoje. Essa guerra atual nos mostrou que o pensamento fechado e individual só nos leva a repetir os erros do passado. Acredito que as famílias quanto mais mistas e diversificadas se tornam mais abertas e mais bonitas. Muitas famílias cresceram com o passar dos anos e deixaram essa mentalidade de separatismo para trás. A minha família fez isso, não foi fácil de início, minha avó provavelmente nunca aceitaria um trouxa ou sequer um mestiço. Mas aí te pergunto: no que ele é menos humano do que eu?”, finda ela em uma pausa.
Com tudo para ser a favor do pensamento antigo, a mulher diante de mim falou em prol do envolvimento de trouxas e bruxos em uma mesma linhagem, deixando claro seu pensamento de que o futuro não é algo fechado ”Pregar hoje pela pureza sanguínea é tentar declarar uma guerra contra a sociedade atual. A mistura é o que nos torna melhores. Eu sei que muitos podem ter opiniões diferentes das minhas, achar que poderíamos ter tido um momento diferente desse embate que vivemos a tão pouco tempo, mas a verdade é que nada pode garantir isso. Mas talvez se fossemos mais abertos e acolhedores as coisas pudessem ser mais diferentes. Como eu falei antes, a minha família foi forjada em uma caça às bruxas, na América, questão que realmente é conhecida por todos, e mesmo assim eu sou capaz de aceitar uma sociedade mista. Acho que isso mostra que basta querer ser alguém mais aberto”, finaliza ela em nosso breve encontro.
Uma prova de que as novas gerações estão chegando para mudar pensamentos antigos é a conversa que tive com um dos que assumiram o peso de um nome que trouxe muitas marcas para o mundo bruxo em um passado não tão distante. A opinião dele foi a mais distante possível do que um dia foi apregoado por seus antepassados”Eu creio que essas pessoas são equivocadas, visto que para evoluirmos precisamos assimilar as mudanças e usá-las ao nosso favor, hoje em dia a nossa origem pouco importa diante de nossos feitos, Lilian Potter provou isso e até mesmo o Lord Voldemort, que era um mestiço, mesmo que ele não reconhecesse isso, entre outros tantos bruxos e bruxas que fizeram história. Eu creio que só tenho motivos para me orgulhar da minha família, superamos nosso passado errado e agora rumamos em busca de vôos maiores do que as mentes limitadas que vieram antes de nós, que agora formamos a família.” direciona ele com uma clara lembrança de nomes que marcaram nossa história.
Apesar de sermos um povo que tem presenciado muitos da sociedade trouxa buscando nos atacar, temos aqui nestes relatos a prova de que os corações e mentes estão abertos para essas mudanças. Não é possível ignorar, no entanto, a existência de clãs que até os dias de hoje se mantêm com seu orgulho, e linhagens intocadas. Mas, como constatado no passado e ao longo de todo o processo evolutivo, a sobrevivência sempre será de quem aprende e sabe se adaptar.