O que sabemos sobre criaturas mágicas pré-históricas? Redator: Liam Chandler Wichbest Já considerou a existência de um dinossauro cuja pele...

Desenterrando a Paleomagizoologia

 O que sabemos sobre criaturas mágicas pré-históricas?




Redator: Liam Chandler Wichbest


Já considerou a existência de um dinossauro cuja pele dura ardia feito lava quente? Ou melhor, um crocodilo com longas pernas e juba de leão? Quer algo ainda mais bizarro? Que tal um mamute com habilidades cerebrais mais desenvolvidas que o homem pré-histórico? O que acharia de uma criatura marinha tão particular que só poderia ser caracterizada como um leopardo com espinhas de peixe-leão? E ainda pior… um predador tão poderoso que poderia dizimar a população humana inteira em questão de décadas? Com bruxos acostumados a quimeras, hipocampos e dragões, imaginar criaturas fantasiosas não parece um exercício muito distante. A diferença é que todas essas espécies descritas no começo do texto fazem parte de um campo de aprendizado muito particular e, frequentemente, ignorado pela maioria dos bruxos: a paleomagizoologia. Os estudiosos dessa área se ocupam em estudar criaturas mágicas que frequentaram esse planeta há milhões de anos, mas não resistiram a barreira do tempo e acabaram sendo extintas. Conversei com Cayenne Spindle, representante da Congregação Britânica de Paleomagizoogia e ela me contou um pouco mais sobre como ocorre o processo de investigação, determinação e estudo de espécies. “O trabalho não é muito diferente da busca por fósseis tradicionais. A diferença é que ossos de criaturas mágicas podem ser… um pouco voláteis.” E quando ela se refere a volatilidade, Spindle não está brincando. Quando descobriram o primeiro fóssil de Eruptiossauro, em 1946, os pesquisadores trouxas sofreram graves ferimentos devido ao manuseio indevido do material. Essa criatura do tamanho de um avestruz grande, possuía placas incendiárias por todo o corpo e a magia continuou impregnada de forma tão duradoura que até mesmo seus ossos mantiveram a capacidade de ignição quando tocados. Cayenne explica que a intromissão dos trouxas é inevitável, visto que é extremamente difícil entender as localizações específicas de algumas criaturas. “Sempre tratamos de apagar a memória deles em situações como essas, recuperando os fósseis para nós mesmos. No fim do dia, eles pensam que estouraram um cano de gás inflamável por engano.”


[justify]Como muitos dos produtos mágicos originados em animais, as propriedades corporais de criaturas extintas também seriam de grande uso no mundo moderno. “As espinhas de um Felipasco, por exemplo, ajudariam no preparo de algumas poções complicadas.” O nome parece um apelido, mas o Felipasco se tratava de um bicho marinho com corpo de uma pantera tropical. Compreende-se que ele habitou os oceanos do Mediterrâneo no período predecessor a Era do Gelo. “As causas da extinção ainda são confusas. Tentamos compreender porque existem registros de determinadas criaturas desde as primeiras comunidades humanas e por que muitas delas acabaram sumindo de alguma forma.” Spindle entende que a caça desenfreada foi um fator determinante.“Mesmo que inteligentes e poderosas, algumas criaturas não sobreviveram à invasão humana e demoraram a compreender a ameaça que nós colocamos em seus habitats.” O Mamute-Conversador foi um deles. Estima-se que as manadas de mamutes-conversadores coexistiam em harmonia com as demais espécies animais, até que os caçadores começaram a lhe enxergar como uma grande e valorizada presa. Isto porque a pele branca dessa espécie era ainda mais felpuda e quente, assim como a sua carne fornecendo bastante energia durantes os invernos rigorosos. Mesmo que tentassem, os mamutes possuíam sua própria língua e não conseguiriam, de nenhuma forma, convencer os homens a manterem a paz. “Infelizmente o mamute não sobreviveu a guerra, mesmo com a sua inteligência. O homem começava a se tornar o topo da cadeia alimentar.” A pesquisadora acrescenta. Com o passar do tempo, os primeiros bruxos trataram de proteger essas criaturas da ameaça não-mágica, evitando que outras catástrofes semelhantes acontecessem no futuro. Mas isso não seria possível em um período passado muito mais hostil, onde ninguém estaria seguro quando os Cranoreptores habitavam as terras da África. Se você considera o nundu perigoso, ficaria ainda mais aterrorizado diante desse monstro com cabeça de caveira e corpo de um lagarto de quinze metros. Felizmente, os cranoreptores andaram com os dinossauros então, digamos que seus companheiros de briga eram tão gigantes quanto eles. Justo.


Hoje, são poucos os centros de estudo dedicados a paleomagizoologia. Os que se mantém erguidos, recebem pouco apoio e incentivo dos governantes mágicos. “Muita gente considera a paleomagizoologia balela… imaginação… eu digo que temos fósseis explodindo em fogo puro e pelo de barba de um crocodilo amazônico gigante e eles apenas riem da minha cara.” O relato de Cayenne é doloroso, mas a pesquisadora os utiliza como uma forma de incentivo. “Quanto mais investigamos, mais descobrimos o quanto a magia roda esse planeta há anos e provavelmente rodava o universo há muito tempo antes da criação do nosso pequeno Sistema Solar.” Ela e seus colegas continuam realizando suas pesquisas e erguendo exposições como forma de atrair a atenção do público e arrecadar fundos para expedições futuras. Para jovens sonhadores e profissionais de magizoologia, é um prato cheio de mistério e emoção misturado com um trabalho paciente e delicado. Este, como qualquer outro, enche inteiramente o coração de quem o ama com alegria.