O Outro Lado da Moeda
Redator: Anira Prunella Stackhouse
Você está no meio de uma guerra. Uma batalha entre os limites de uma massa buscando a rendição dos seus direitos e o poder da sua verdadeira visão para criar e contribuir. Mas, que massa é essa? Os bruxos ou os não mágicos? É uma luta entre aqueles que irão dizer o que você não pode fazer e aquela parte de você que sabe, e sempre soube, que nós somos mais do que o nosso meio ambiente e que um sonho - apoiado por uma vontade incessante de alcançá-lo, é verdadeiramente uma realidade com chegada iminente. Partindo desse pensamento compartilhado pelo Escritor Tony Robbins, me ousei a procurar a Força Armada Britânica. Talvez eu estivesse me tremendo dos pés à cabeça, mas meu espírito investigativo de uma jornalista ávida pela verdade, me deu forças para prosseguir com minha matéria, que aqui está, exclusivamente para cada leitor. O General Sun Tzu dizia que “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas...” e com a intenção de conhecermos nosso inimigo, a Marechal Nadja Kriska Hennigar do Alto Comando do Exército Britânico, nos agraciou com uma curta e grossa entrevista, mostrando um pouco de suas intenções e principalmente: sua personalidade.
Através de trocas de cartas totalmente protegidas e confidenciais, codificadas, claro, fiz perguntas e recebi respostas. A intenção não foi afrontar ou cutucar o outro lado, mas sim o conhecer, o ouvir. Me agarrando na esperança de uma população que constantemente vive fugindo de seus algozes, perguntei a Marechal Hennigar o motivo da caçada aos bruxos. Bom, podemos supor quais são os motivos, mas não custava nada tentar ouvir mais da versão da Marechal, que parecia um tanto relutante em expor seus pensamentos, dando uma resposta curta através de uma carta escrita em máquina de escrever, sem muitos detalhes. “Não preciso explicar o óbvio.” Respondeu ela, deixando-me de bico seco. Eu poderia lhe provocar um pouco para ouvir mais, porém, minha intenção não era essa, jamais. Segurando um bom chá, redigi mais uma pergunta para a Marechal Hennigar, a questionando sobre a possibilidade de decretarem uma trégua e assim, eles buscarem conhecer mais o nosso mundo, afinal, quem são os criminosos? “Não podemos dar trégua para o que já foi longe demais.” Ela respondeu, deixando mais que claro que sua maior vontade é findar essa guerra segurando o troféu de vitória em suas mãos. O que me faz compartilhar com vocês uma façanha da Marechal Hennigar.
Quando recebi a sua carta de resposta através de uma “coruja”, provavelmente de um dos nossos semelhantes que escolheram um lado, pedi ao meu novo assistente pessoal Alysson Lock para ler, enquanto eu redigia a matéria. Ao olhá-lo, percebi que seus olhos estavam vermelhos e molhados, o que me despertou uma curiosidade. “A carta é tão emocionante assim? Porque você está chorando...” Eu o indaguei. Pode soar cômico, mas simplesmente era um aviso da Marechal, um ataque velado, para atingir aos meus olhos, mas que infelizmente irritou os do Alysson – que está bem, inclusive –. Isso me fez pensar em como ela regia a sua vida, em como ela funcionava fora da sua patente. E se seus familiares fossem bruxos? “Eu mesma os eliminaria!” Foi o que ela respondeu, sem um pingo de empatia, ou foi a imagem que quis passar para nós. Comecei a imaginar as batidas de seu coração e se ele era amargurado como sua face rabugenta, porém, linda, confesso. Uma mulher que chegou longe, é louvável, pena que está trilhando caminhos obscuros e incompreensíveis. Um caminho que estava deixando mortos, famílias em luto, filhos sem seus pais e pais sem seus filhos. “Toda guerra possui vítimas, ou então não seria uma guerra.” A Marechal Hennigar declarou quando a questionei sobre as perdas de inocentes. Somos diferentes, mas somos tão iguais e são essas diferenças que os cegam para não perceberem o quanto somos semelhantes.
No mundo, somos cercados por preconceitos, ideais versos e controversos. Um mundo em que cada indivíduo possui uma poesia de vida, massas que batalham por seus direitos e por igualdade, mas quando se sentem ameaçados, toda luta que já enfrentaram, para quebrar tabus e padrões estabelecidos por uma sociedade que dita o que é certo e errado o tornando cultural, se tornam em vão, se tornam rastros fragmentados, dando lugar para uma nova bandeira manchada de sangue. “Fazer com que o mundo se torne melhor, livre de algo que não é natural.” A Marechal Hennigar confessou o seu preconceito quando indaguei sobre seu objetivo nesta guerra. Tudo que vejo, caros leitores, é que nascer diferente em uma sociedade como esta, é um crime punido com a morte e muitos dos nossos estão pagando por um crime ditado por aqueles que não aceitam quem realmente somos. Para finalizar, com lágrimas nos olhos não por estar lendo a carta, mas por sentir o peso em que nós estamos carregando diariamente por nossa sobrevivência, provoquei a Marechal a questionando o que ela faria se ela fosse uma de nós. E é com sua resposta que finalizo essa matéria, fazendo-nos elucubrar mais uma vez sobre nosso papel no mundo, sobre nossa visão sobre a guerra e de que lado realmente estamos. “Não teria um remetente para essa carta, pois eu não estaria aqui.”