Bruxos que são trouxas, trouxas que são bruxos.
Como é a guerra para os nascidos trouxas e os abortos?
Redator Jr: Gustav Campbell McCready
Guerra é um confronto de dois ou mais grupos disputando pelos seus próprios interesses. No momento em que vivemos existem dois grupos, ou pelo menos é o que mais "leigamente" parece. De um lado os trouxas, como intitulamos as pessoas não mágicas. Do outro lado os bruxos, como intitulamos as pessoas que possuem magia. As motivações de cada um dos lados da guerra podem parecer claras às vezes, mas a verdade, é que permanecem um grande mistério. Ainda é difícil entender onde tudo começou, quais foram todas as causas e qual foi o estopim. Afinal, o que cada lado quer agora? Os trouxas desejam apenas exterminar os bruxos? Os bruxos desejam apenas se defender? Ou tais pensamentos não passam apenas de motivações básicas vendidas para que ambas sociedades acreditem? São diversas as perguntas sem resposta. Se para nós que somos bruxos é difícil pensar nas respostas de forma concreta, mesmo tendo afinidade por um lado, imagina como são as consequências deste conflito para aqueles que não possuem essa afinidade já natural. Nascidos trouxas, bruxos que nasceram de pais trouxas, crescem num ambiente compartilhado entre a magia e a ausência dela. Abortos nascem de pais bruxos, mas terminam vivendo mais centro do estilo de vida dos trouxas, já que se adequam muito mais a ele. Como os últimos tempos está sendo para essas pessoas? É o que essa matéria busca elucidar, ou pelo menos, dar um norte.
Todas as pessoas que contribuíram para essa matéria foram entrevistadas nas ruas, sendo que em vez de serem utilizados seus nomes reais, pseudônimos serão usados, tirando pela nossa já conhecida Tia Elvira, bruxa abortada, que também contribuiu para essa matéria. A começar por o que tais pessoas acham sobre a guerra, e aqui, uma opinião compartilhada se repete "Em geral, guerras não são uma forma muito inteligente de lidar com as coisas.", diz Charlie Ross, jovem estudante de magia, nascido trouxa. "Bem, guerra nunca é certo, não é? Hum... Acho que o pessoal se esqueceu que exterminar uma raça é meio errado, não aprenderam nada com extermínio de judeus.", diz Auriel Skitty, que trabalha em um departamento de polícia, sendo um aborto. Muitos bruxos e trouxas estão incomodados com o impacto que a guerra trás, mas nem todo mundo pensa dessa forma. "Preferi me manter como um observador externo, mexendo alguns pauzinhos só para inflamar o incêndio. Não posso negar que gosto da desordem independente de qual seja a origem dela.", diz Joker, trabalhador da segurança nacional de um país, nascido trouxa.
Mesmo que os porquês do conflito que vivemos sejam misteriosos como um todo, não havendo ainda estudos completos de historiadores bruxos sobre este período conturbado, tais pessoas parecem ter suas próprias teorias sobre o que levou este evento a eclodir. Como conta Charlie Ross, quem sabe isso não passe do resultado de anos de negligência. "A situação atual era meio inevitável, por ser resultado de centenas de anos de negligência diplomática entre os dois lados. Se você parar para olhar a situação dos trouxas, que foram afetados tremendamente pelas guerras internas anteriores dos bruxos, dá pra ver como eles nos enxergam como uma ameaça. Era apenas questão de tempo até isso estourar." Tia Elvira, por outro lado, já encontra-se impaciente com a situação do mundo e dá uma opinião um tanto humorada. "Aquela Nyx e aquela Nadja merecem é uma chinelada na testa cada uma. Na minha humilde opinião eles que lutem e as criaturas que tomem conta. Hora dos duendes contra-atacarem, não?" É uma pena que tal guerra, cheia dos mais conflitantes ideais e causas, não possa ser resolvida por apenas simples chineladas.
Perguntados sobre qual seria a posição dessas pessoas no conflito, qual o lado que elas simpatizavam e apoiavam, a maioria dos entrevistados se mostra ainda "em cima do muro". "Ah meu bem, nenhum dos lados é santo. Cada lado constrói suas próprias guerras há anos e nunca conseguem viver em paz por muito tempo. Não acreditem nessa história de que um dos lados é o bonzinho, porque não é verdade.", diz Tia Elvira. Já Joker tem uma visão um pouco mais ampla sobre os dois lados da moeda, ainda que prefira se manter sem um lado em específico. "Eu diria que não tenho um lado quando ambos estão se destruindo. A partir do momento que afeta o comércio, a saúde e a segurança de ambos os lados, quem sou eu para me posicionar, oras. Minha opinião é que esta é uma guerra desigual de muitas formas... De um lado temos armas, tecnologias, soldados em grandes números, muita ignorância e ódio acumulado. Do outro temos varinhas, magia, criaturas mágicas, maldições, ego ferido, desejo de vingança e estimas de revolução. Minha resposta sincera é que me mantenho de fora, faço bom uso do poder que me foi concedido ao nascer, porém fui criado por trouxas e não posso negar que muitas vezes me é útil o que aprendi com eles." Charlie Ross nos dá uma opinião bem mais curta e clara, e a quem diga também que é grossa. "Eu não simpatizo com estupidez."
Mesmo sendo difícil para um nascido trouxa ou um bruxo abortado escolher um lado nessa guerra, existem aqueles que possuem uma inclinação para um dos lados, como Auriel Skitty, que disse: "É estranho estar no limbo, sabe? Nunca sei se estou protegida ou não. Eu não sei como é a briga dos bruxos com essa tal de Nyx, mas ela parece estar fazendo algo contra o exército pelo que me falaram, então, bem, acho que estou do lado de quem é contra o exército, independente de quem seja." Independente de causas, opiniões sobre lados ou ideologias, o desejo que essa guerra termine pode ser visto em bruxos e em trouxas. Esperamos que com essa matéria, tenhamos mais esperança que os dois lados do conflito vejam como a convivência mútua entre as duas raças é possível, como existem pessoas mescladas e como todos podem se ajudar. Não podemos nunca deixar a diplomacia morrer, e principalmente, a esperança de um mundo melhor.