TESTEMUNHOS SOBRE O ÊXODO DO CASTELO
Redator: Forever Crimson River
Num instante todos os alunos e grande maioria dos professores e funcionários banqueteavam no Salão Principal de Hogwarts. Em outro instante, uma pessoa atravessava o Salão indo falar com a atual diretora, Nyx El Bianco. E então veio o medo. Uma voz de fora oferecia perdão, mas a diretora logo após deu o seu discurso, dizendo que protegeria o castelo como prometera, enquanto a vice-diretora apelava para que os alunos não acreditassem nas palavras ditas pela Marechal trouxa, a tal voz de fora. Tão logo este momento chegou e continuou, naquele mesmo discurso a diretora dava as ordens, informava que os alunos de anos menores deveriam seguir com o supervisor para serem retirados com segurança do castelo. Já alunos de ano superior, docentes e funcionários podiam optar seguir o caminho já dito ou ficar e proteger o castelo. Não pude ver quantos foram os que ficaram, apenas segui para o grupo que iria ser evacuado do castelo, e portanto, eu, Forever, posso documentar o que aconteceu durante este êxodo. Depois do grande grupo de evacuação ser preparado, descemos para as masmorras, onde ficamos de frente a um lugar que nem todos conhecem em Hogwarts. Era a Área Interditada das Masmorras que, inclusive, estava com feitiços de proteção que foram desfeitos pelos mais velhos do grupo, para que todos pudessem entrar. Ali seria a rota de fuga.
Posso dizer que não era um lugar muito divertido. Parecia um túnel irregular e não era muito largo. Éramos um grupo grande, então tivemos que andar uns atrás dos outros. As paredes e chão eram acidentados, úmidos e com musgo. Não demorou muito para as primeiras pessoas começarem a tropeçar e tornozelos torcidos virarem a consequência disso. Ainda pior eram os tremores que ocorriam algumas vezes, fazendo todo o local parecer que estava se mexendo, como se algo lá em cima, grandioso e destruidor, estivesse acontecendo. Muitos murmuravam com seus colegas sobre como deveriam estar as coisas lá em cima com o grupo que tinha ficado para proteger o castelo. O caminho em si e as coisas que aconteciam com ele não eram o único perigo, haviam criaturas. As primeiras foram diabretes que pareciam habitar o local, um enxame de criaturinhas azuis tentando atacar o grupo como podiam, até conseguiram levantar uma garota pelas orelhas. Todos foram combatidos felizmente, mas uma aluna acabou atacando outros alunos acreditando que deveria salvar os diabretes. Ela teve que ser contida antes que machucasse mais pessoas durante a evacuação. Toda aquela situação estava mexendo com a mente de todos, algumas mentes mais frágeis do que outras.
Os problemas podiam ter vindo, mas não tinha volta, então seguimos em frente pelo caminho tortuoso daqueles túneis até encontrarmos uma bifurcação. Duas escolhas, um caminho que parecia bastante úmido e outro que era mais seco, mas que também não parecia muito seguro. O grupo acabou seguindo para o caminho mais seco, não tivemos muito tempo para a escolha, pois novos tremores acometiam o lugar e dessa vez o fizeram colapsar. Seríamos soterrados se não fôssemos na direção de um dos caminhos de uma vez. Neste caminho seco, o grupo não demorou a ver teias de aranhas que iam desde o chão até o teto. Ali era a morada de várias acromântulas, inúmeras vieram na nossa direção, era uma visão assustadora. Algumas docentes resolveram queimar todo o local a frente, a fim de queimar as criaturas. Eu só pensava que isso não daria muito certo, de um lado pedras cobriam a passagem de volta, do outro teríamos aranhas e fogo. Onde seria a nossa saída? No entanto, tais docentes assim o fizeram, colocaram fogo em tudo e tentaram afastar ao máximo o fogo dos alunos. Alguns alunos, inclusive, foram ajudar na contenção das chamas com os feitiços de água e gelo que conheciam. Eu estava observando tudo o máximo que eu podia, porque eu sabia que iria documentar isso num futuro. Sou estagiária deste jornal para ser uma grande jornalista no futuro, afinal.
O fogo, de fato, fez as acromântulas ficarem encurraladas, mas e agora? Fumaça estava tomando conta do túnel e ele era a única saída. As docentes tinham aberto uma lacuna por entre o fogo por onde todos poderiam passar, pois mais a frente elas podiam ver que tinha uma área com água. Foi assustador passar por um corredor onde as paredes eram chamas que crepitavam, fortes e avassaladoras, mas controladas por conta do feitiço das mais velhas. Eu até tentei dar uma corridinha, mas não queria arriscar cair com aquele terreno acidentado, todo o túnel era assim, desde o seu início. Momentos depois, todos estavam num pequeno lago no interior do túnel. Seguimos andando, atravessando o pequeno lago, e nos encontramos com uma área mais aberta onde podia-se ser ouvido o barulho de cachoeira. Finalmente uma saída daquela aventura pesadelo. Ao contrário do que eu imaginei, o grupo não saiu atravessando a possível cachoeira, outros bruxos estavam ali para nos recepcionar. Por já ter entrevistado alguns ali presentes eu reconheci que se tratavam de ex-aurores. Eles estavam ajudando, organizando o grupo grande em grupos menores que iriam ser levados para outro lugar por meio de chaves de portal.
Longe do perigo, eu tinha tantas perguntas quanto os colegas a minha volta. Como será que estavam aqueles que ficaram para combater os trouxas no castelo? Os aurores estavam de volta? E o que iria acontecer no futuro? Hogwarts seria tomada? Como voltaríamos para casa? Nossos pais e responsáveis seriam avisados? Tantas perguntas sem respostas. Posso dizer que a experiência de passar por essa evacuação não foi nada prazerosa, tão pouco foi fácil para qualquer aluno, professor ou funcionário saber a confirmação de que o castelo tinha sido tomado pelos trouxas nos dias que se seguiram. A cada dia as coisas ficam mais difíceis para a nação bruxa. Deixo abaixo alguns relatos de alunos que participaram da evacuação e aceitaram dar uma entrevista ao Profeta Diário.
Carly Rathbone, aluna do quinto ano pela Grifinória: “O clima de terror deixou tudo muito tenso. Hogwarts sempre foi uma casa para mim, meu lar seguro, mas durante a evacuação foi como estar em um filme de terror, quando o tempo transcorre lentamente e nunca nos movemos rápido o suficiente. A pior experiência que podia ter, ver meus amigos sofrendo e minha escola perdendo.”
Annabeth Bale, aluna do quinto ano pela Grifinória: “Difícil dizer... Eu não gostaria de ter que lembrar de tudo... Desculpe, não quis dizer que você está fazendo algo errado, mas enfim... Foi sufocante. Estávamos indo por aquela passagem estreita, comparado aos demais locais de Hogwarts por onde se andava. Tudo era escuro e úmido. Cada passo que eu dava, eu sentia como se alguém estivesse me vigiando pronto para acabar comigo por qualquer erro que eu tivesse cometido. Na verdade tinha, os narrad... digo, encontramos algumas criaturas mágicas: acromântulas e diabretes. Tá bom assim? Desculpa, eu... não sei, eu me sentia tão fraca e impotente, mas depois eu parecia ter resgatado forças de onde eu nem sabia que tinha. Foi uma superação pra mim, acho que amadureci bastante, sabe? Eu percebi que meu medo não me salvaria daquela situação e precisei fazer algo mais. Basicamente é isso.”
Giovanna Rietmann, aluna do sétimo ano pela Grifinória: “Foi horrível! Pensava que por ser veterana saberia lidar bem com qualquer coisa que aparecesse pelo caminho, mas diferente das aulas ali não tínhamos tempo para errar feitiços ou escolher direito a melhor técnica de defesa. E o fato de ter que raciocinar rápido em uma situação de sobrevivência, porque minha vida e a dos outros dependia disso, foi bem estressante pra mim.”
Octávio D'Amici, aluno do terceiro ano pela Corvinal: “Foi horrível. Existiam vários obstáculos, animais, musgo, pedras soltas, chão escorregadio e aranhas. A pior parte, para mim, foi a das aranhas. Tive uma experiência não tão legal com aqueles seres horripilantes e desenvolvi aracnofobia. Agora ela está em um nível mais avançado do que nunca foi. Também tinham alguns professores loucos que inventaram de tacar fogo em um monte de aranhas. Pelo menos, aquilo foi divertido.”