Por: Dmitri Hsirënn Seaworth
Todos nós temos consciência de que nosso futuro é incerto. Muitos acreditam na teoria de que somos os responsáveis por construir o próprio caminho, vivendo um dia de cada vez para preencher as folhas em branco que são nossas vidas. Mais ou menos como se você plantasse hoje para colher amanhã, entende? Uma coisa leva a outra e a outra leva a coisa.
Por outro lado, há aqueles que acreditam em um destino já pré-determinado, onde nascemos com uma rota traçada, culpando o tal do destino para tudo o que acontece na vida. Esbarrou com fulano? Destino. Conheceu ciclano? Destino. Queimou o feijão? Ora, é claro que é obra do destino! (Mas o que esse tal de destino fez de tão errado para carregar o peso e a culpa de todos os nossos erros e acertos? Certifiquem-se de se desculparem com ele, caso um dia o encontrem!)
Ambas as teorias podem ser muito bem discutidas e argumentadas, ambas carregam seus prós e contras. O ponto principal disso tudo é que nunca poderemos chegar em uma conclusão e dizermos “Aqui! Essa é a resposta final, certeza absoluta” (perdoem o pleonasmo). Porque nem da certeza podemos ter certeza. Só que…
Isso não significa que não podemos especular. Criar teorias. Explorar ideias. Discutir pontos de vista. Entendem onde quero chegar com todas essas suposições? Exatamente! Nas suposições. Nos achismos. Nas adivinhações e divinações. É aí que pergunto: vocês já ouviram a palavra de Odin hoje?
Não sei quanto a vocês, caros leitores, o quanto sabem sobre a maravilhosa arte da adivinhação e da divinação. Pois são elas que nos permitem quebrar a grande muralha que há entre nosso presente e a dúvida sobre o que acontecerá mais para frente. São elas que nos permitem tentar dar aquela espiadinha marota nos acontecimentos, prever ações para quem sabe prevenir ações. Quem não gostaria de receber a notícia de que daqui a alguns anos, se tornaria um dos bruxos mais influentes do mundo? Ou que o time favorito será campeão da Copa Mundial de Quadribol? E caso a previsão em questão fosse negativa… Obviamente que faríamos de tudo para mudarmos o rumo das nossas vidas, tentando evitar que a profecia de fato se profetize.
Antes de explicar mais sobre a tal palavra de Odin, devo deixar claro a grande diferença entre adivinhação e divinação. E a mudança não é de apenas algumas letras!!
Apesar de terem a mesma origem, essas palavras carregam significados diferentes. Adivinhação nada mais é do que você prever algum fato, secamente falando. E a divinação busca o significado ou a causa dos acontecimentos, podendo ou não predizer o futuro. É uma coisinha mínima – e deveras confusa – que faz toda a diferença. Pois bem, agora que sabem disso, digo que as runas de Odin estão associadas com a divinação. Elas são símbolos que remetem ao mais profundo autoconhecimento. Por isso, para usá-las de modo correto é necessário que haja muito treino mental, somado com a evolução do próprio interior, de nossa própria natureza.
Falando mais sobre como elas surgiram exatamente, devemos dar um pulo ao passado. Um grande pulo, séculos a.C; segundo conta a lenda dos povos nórdicos, Odin ficou pendurado de cabeça para baixo na árvore da vida, Yggdrasil. Ficou lá durante nove dias e nove noite, sem comida ou bebida. Apesar de imortal, o deus sentiu a mais profunda dor e sofreu todas as provações mortais possíveis. Algumas versões da lenda dizem que ele tinha um objeto pontiagudo consigo (alguns contam como lança, outros como espada). E com tal instrumento, ele feriu a si próprio e deixou com que o sangue escorresse para fora de seu corpo. Então, Odin desceu até o mundo dos mortos e quando retornou, detinha a sabedoria das runas.
Seu sangue, que antes pingava e manchava o chão, transformou-se em runas. Somente depois de esticar-se e entrar em contato com elas, o grande deus Odin foi liberto de sua própria magia. Esse foi o legado que Odin deixou para os mortais. Suas runas, tão preciosas runas. Vinte e cinco no total. Cada uma contém um nome e um significado próprio, carregando então energias que servem para diferentes finalidades.
A fim de conhecer um pouco mais sobre os mistérios valiosos que rondam as runas, tive a honra de entrevistar a professora que leciona a matéria de Runas Antigas para a escola de magia e bruxaria de Hogwarts, senhorita Alice Whiteswan Edwards!
Profeta Diário: Bom dia, senhorita... Senhorita Whiteswan Edwards. O Profeta Diário agradece a sua presença nessa entrevista exclusiva! Podemos começar?
Alice: Um ótimo dia, senhor Seaworth! Eu que agradeço pelo convite. Podemos começar sim!
Profeta Diário: Verdade que Runas Antigas é uma matéria opcional na maioria, se não em todas, as escolas de magia e bruxaria. Algo em especial lhe motivou a lecionar tal matéria?
Alice: Acredito que o estudo das runas seja considerado como opcional por ser enxergado como complementar pela maioria das disciplinas. Muitos se utilizam das runas apenas para compreender referências, textos de outras matérias, mas o que não sabem é a grandeza do alfabeto rúnico. Quando comecei a estudar Arte Histórica Bruxa, fiz uma especialização em Runas Antigas justamente quando percebi que cada peça tinha um significado muito mais profundo… Divino. Era a linguagem dos deuses. E bom… Mitologia sempre foi um dos meus fracos, isso também ajudou. [risos]
Profeta Diário: Levando em conta sua especialização, concluo que tenha muito contato com as Runas no seu dia-a-dia, em sua vida de forma geral. Elas influenciam na sua vida pessoal?
Alice: As runas sempre me influenciaram e em diferentes aspectos. Obviamente, costumo fazer consultas em meu jogo para obter aconselhamentos e orientações sobre a minha vida pessoal, mas isso não é tudo. As runas são muito mais que uma forma de responder questionamentos, mas sim símbolos repletos de energia e capazes de exercer funções das mais diversas. Sempre uso o meu cordão [mostra o cordão] com esse pingente que contém a inscrição de TEIHWAZ. Em seu significado, ela me encoraja a nunca desistir de meus objetivos e sempre ir à luta. Isso mostra que podemos ter a benção dos deuses seja onde for.
Profeta Diário: Ah, interessante o seu cordão. Isso significa que as runas não são apenas usadas para fins divinatórios, correto? Além de talismã, elas servem para outros propósitos?
Alice: Desde a antiguidade, as pessoas se utilizam das runas como símbolos de proteção e benção. Sabe… os xamãs costumavam gravá-las nas embarcações, construções e mesmo nos leitos de enfermos acreditando que pela interseção dos deuses, eles estariam protegidos. Isso mostra que elas realmente possuem um sentido mais abrangente. Porém, as runas também possuem significados bem específicos então apenas aqueles que as compreenderem da forma certa, possuindo um coração bom, poderão se utilizar delas corretamente.
Profeta Diário: Durante a leitura das runas, o quanto a própria energia influencia? E quanto ao elo entre o leitor e as runas? É possível torná-lo mais forte ao, por exemplo, fabricá-las?
Alice: Ah, influencia em tudo! Se você estiver mal-intencionado e com o coração enchido por energias ruins, nunca conseguirá obter resultados satisfatórios com as runas e isso nasce justamente com o seu elo. Ler o alfabeto rúnico leva ao crescimento interior, por isso é importante que o seu espírito esteja repleto de paciência, tranquilidade e boas intenções. Quando você finalmente compreende esse estado, pode sim ser capaz de fabricá-las, afinal, não é exatamente o material que determina o seu poder, mas sim o significado interno que cada um consegue absorver delas.
Profeta Diário: São vinte e cinco runas no total, certo? Elas dependem umas das outras para funcionar corretamente? O que acontece se perde, sem querer, uma das runas?
Alice: Sim. Vinte cinco runas especiais e cada uma possui seu próprio significado, o que as difere entre si e as torna bem particulares. Mesmo assim, elas podem ou não depender uma das outras, dependendo do modo que se joga. Quando se faz a leitura de um jogo de runas, existem métodos onde ao procurar responder uma dúvida, você precisa analisar diferentes peças, o que torna a resposta uma junção de significados. Então isso varia muito. E não tem problema perder uma peça. [risos] Porém o jogo ficaria incompleto. E eu também lhe daria um sermão por falta de organização. [silêncio seguido de uma gargalhada]
Profeta Diário: Muito bem [risos]... Hm, para encerrar a nossa entrevista, gostaria de saber: há uma idade adequada para se praticar a leitura das runas ou qualquer um pode aprender?
Alice: Tenha apenas um coração e um espírito aberto. Se fizer do jeito certo, não importa os fatores, você conseguirá aproveitar ao máximo os estudos das runas e entender o quão importantes elas podem ser na sua vida!
Profeta Diário: Muito obrigado pela maravilhosa entrevista, senhorita Edwards! Nós, do Profeta Diário, desejamos muito sucesso para você!
Alice: Muito obrigada! Até a próxima!
As runas de Odin são tesouros que foram deixados aos humanos, tesouros que valem muito mais do que todos os galeões do mundo. Elas trabalham com o espírito, a mente e a energia vital. Seus fins são vários, basta você ter criatividade e acreditar. Por fim, a dica que dou a todos é que levem mais a sério o estudo e a interpretação de runas. Alunos de magia e bruxaria de todo o mundo: prestem atenção e valorizem tal matéria em suas escolas! E você que é adulto, não se preocupe! Nunca é tarde para iniciar o aprendizado, nunca é tarde para o conhecimento. Que as boas energias das runas de Odin estejam com vocês!