Por: Annie Miller Slowli Com o final do inverno e a chegada da primavera, as horas debaixo do cobertor são substituídas por dias ma...

Manual para Prevenção e Controle de Pragas Mágicas


Por: Annie Miller Slowli

Com o final do inverno e a chegada da primavera, as horas debaixo do cobertor são substituídas por dias mais longos e quentes, casacos e luvas dão lugar a manhãs iluminadas por um sol brilhante, a neve é trocada por flores que começam a desabrochar. Porém, não somos apenas nós que nos adequamos a tais mudanças. Elas também são percebidas pelas pragas mágicas, organismos que nos causam incômodo de alguma forma, seja comprometendo a biodiversidade do ambiente, danificando estruturas físicas, propagando doenças, etc, e que geralmente se proliferam de forma rápida. Algumas deixam de nos atazanar com a mudança da estação, enquanto outras começam a se preparar para lidar com os bruxos pelos próximos meses de calor. Isso forma um ciclo vicioso que requer cuidados e diferentes medidas de prevenção durante o ano todo para manter sua casa segura.

O número de casos de lares incendiados por ovos de cinzal durante o inverno, por exemplo, é muito mais expressivo do que no verão. Isso acontece porque o cinzal, uma serpente de classificação XXX, surge do fogo mágico aceso durante muito tempo, algo que acontece durante aquela estação pelo uso constante da lareira. Os ovos que depositam durante seu curto período de uma hora de vida liberam um calor tão intenso que são capazes de incendiar uma casa em questão de minutos, de forma que é necessário checar a localização dos cinzais e seus ninhos e congelar seus ovos a tempo. A forma mais eficiente de prevenção é, além de não deixar a lareira acesa por um longo período, dispor em frente a ela armadilhas adesivas. O cinzal, quando apanhado, ficará impedido de procurar um local escuro e protegido onde botar seus ovos no cômodo.

A fada mordente (XX) também se mostra uma preocupação durante os dias frios ao tomar conta de cortinas e botar até quinhentos ovos de uma vez no subsolo, de onde eclodem após duas a três semanas. Para eliminá-las, é recomendado o uso de fadicida. Ao borrifar tal substância na fada mordente, esta é paralisada, sendo possível então recolhê-la facilmente de seus esconderijos sem correr o risco de ser mordido por suas fileiras duplas de dentes afiados e venenosos. Para evitar que ela o perturbe, as cortinas precisam estar sempre limpas e as janelas devem ser mantidas abertas. A fada mordente evita locais com boa circulação de ar, pois suas asas delicadas e corpos leves transformam o sopro do vento em um incômodo. Aliás, um dos motivos de gostar do frio é justamente porque nessa época costuma-se fechar as janelas mesmo durante o dia, permitindo sua permanência.

A atenção precisa ser dirigida também à limpeza do interior das residências. O bandinho, uma criatura esverdeada semelhante a um fungo e dotada de olhos, de classificação XXX, entra em locais sujos pelas tábuas de assoalho e rodapés. A secreção que ele libera tem um odor de decomposição e danifica as instalações das habitações invadidas. Pequenas infestações de bandinho podem ser resolvidas por simples feitiços de limpeza, bem como a sua prevenção. Porém, se a infestação for grande o suficiente, a casa corre o risco de desmoronar por conta da substância ácida que ele expele, e o bruxo deve recorrer à Subdivisão de Pragas do Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas.

O chizácaro, um parasita minúsculo semelhante a um caranguejo, pode criar um verdadeiro caos, apesar da sua classificação XX. Ele é atraído pela magia, corroendo dessa forma varinhas e caldeirões (na falta de magia, atacam itens trouxas movidos a eletricidade). É capaz de infestar a pelagem/plumagem de criaturas como crupes e agoureiros. Uma forma eficaz de lidar com o chizácaro é o uso de poções específicas para sua erradicação, mas é preciso noticiar a Subdivisão de Pragas se a infestação for séria, assim como acontece no caso de bandinhos. Isso porque o chizácaro torna-se muito difícil de combater quando inchado por substâncias mágicas. Sua prevenção é igualmente árdua. Existem substâncias que repelem o chizácaro que podem ser espalhadas em objetos mágicos, mas precisam ser passadas com uma frequência que poucos estão dispostos a enfrentar, pois nunca se sabe quando há um parasita querendo corroer seu caldeirão.

No jardim, os cuidados devem ser dobrados. O tolete e o gnomo, além de fazerem o papel de presa e predador, são pragas comuns nos quintais. O primeiro, um cogumelo cor-de-rosa carnudo de classificação X, finca seus tentáculos na terra em busca de minhocas para se alimentar e se procriam rapidamente, cobrindo um jardim de tamanho médio em poucos dias. Recomenda-se a aplicação de veneno de lesmalenta para matá-los. Lembrando que o tolete é o alimento preferido do gnomo, e ao fazer isso você pode estar na verdade evitando a infestação das duas pragas. Mas o gnomo não invade jardins apenas em busca de toletes. Ele cava tocas subterrâneas e come raízes de plantas, criando pequenos montes de terra ao redor jardins. É também um reprodutor ágil e tem um nível baixo de inteligência que o proveu uma classificação XX. A forma de controle mais conhecida e utilizada para sua expulsão consiste em pegá-lo, girá-lo ao alto até deixá-lo tonto e depois arremessá-lo para além de cerca de perímetro da cerca ou do muro. É uma tarefa fácil, já que o gnomo se apressa para fora de sua toca para ver o que está causando o tumulto. Para prevenir sua infestação, existem engenhocas que o atraem assim que chega ao jardim e o prendem num buraco ou gaiola.

Mas essas não são as únicas ameaças para o seu pomar e seu jardim. O verme-cego é uma espécie muito lenta e de classificação X (sequer tem dentes para atacar alguém). Qualquer vegetal é usado para sua alimentação, principalmente alface e repolho; então, qualquer seja a sua plantação, o verme-cego pode tornar-se um problema. Para evitá-lo ou expulsá-lo, basta aplicar um tipo de poção específica para seu controle. Ou simplesmente deixá-lo comendo até que ele morra de superalimentação. Já o besouro-da-melancolia, um inseto voador cinzento e peludo de classificação XXX, forma seu ninho em locais escuros e isolados, como vãos de árvores e grutas. Pode infestar colmeias, expulsando as abelhas e estragando o mel produzido. Além de se alimentar de urtiga, devorando seus ramos, produz uma secreção que causa melancolia em quem a ingere. As formas de prevenção são fazer inspeções regulares e minuciosas em colmeias, evitar deixar frestas nelas, retirar colmeias abandonadas e aplicar os pesticidas necessários nas folhas de urtiga.

Quem estiver em busca de informações relacionadas a esse tipo de criaturas e sua eliminação pode consultar o Escritório de Orientação sobre Pragas, divisão do Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas. Se o caso de infestação for alarmante, como acontece com mais frequência com o bandinho e o chizácaro, o bruxo receberá uma visita dos ministeriais de tal seção. O mesmo vale para vários estabelecimentos, como áreas hospitalares e locais que lidam com alimentos, que devem tomar ações preventivas periodicamente.

No geral, não podemos afirmar que as pragas mágicas nos trazem apenas prejuízo. As substâncias produzidas por elas podem ter diversas utilidades, desde ingredientes de poções populares até antídos por si só. Ovos de cinzal congelados são um ingredente comum em muitas variedades de poção do amor ou consumidos inteiros como remédio para malária. A mesma secreção perigosa do bandinho, quando diluída, é usada para preparar certos fluidos mágicos de limpeza. As duas extremidades do verme-cego expelem um muco usado para engrossar poções. A substância produzida pelo besouro-da-melancolia, a mesma que induz à melancolia, é usada como antídoto para a histeria causada por folhas de aliquente.

A negligência na forma de lidar com as pragas mágicas pode ser muito prejudicial, pois medidas imprudentes podem prejudicar o meio ambiente de diversas formas, seja interferindo na cadeia alimentar de criaturas atingidas mesmo que indiretamente ou colocando em risco a saúde da própria população bruxa. Os pesticidas mágicos tendem a ser a procedimento mais popular para o controle, como citado acima. Apesar de a maioria dos disponíveis no mercado ser confiável e de baixa probabilidade de contaminação, deve-se ficar atento à forma e à frequência da aplicação, à dose utilizada e aos equipamentos corretos. Constata-se a existência da venda ilegal de produtos não registrados e potencialmente maléficos e não testados cujos efeitos podem ser ineficazes para o que prometem e até mesmo favorecem o fortalecimento genético das pragas mágicas. Como alternativa a esses produtos, temos pesticidas naturais que estão disponíveis em lojas de ervas e poções. Outra questão agressiva é o uso de furanzão para a eliminação de gnomos, uma atitude cruel e felizmente pouco utilizada.

Vale destacar o significado de cada classificação das criaturas mágicas, usada durante a matéria: X – tedioso; XX – inofensivo/pode ser domesticado; XXX – bruxo competente pode enfrentar; XXXX – perigoso/exige conhecimento especializado/bruxo perito pode enfrentar; XXXXX – mata bruxos/impossível treinar ou domesticar.