Por: Annie Miller Slowli Não é de agora que a população bruxa permanece atenta às ações governamentais e usa seu direito de expressão...

O progresso da perspectiva popular sobre a política bruxa


Por: Annie Miller Slowli

Não é de agora que a população bruxa permanece atenta às ações governamentais e usa seu direito de expressão para influenciar os processos políticos. O princípio da soberania popular vem sendo priorizado desde o estabelecimento do Ministério da Magia, tanto no papel de escolha do Ministro da Magia quanto no atendimento da opinião pública por parte dele e de demais autoridades. Desafortunadamente, essa convicção só foi resgatada muitos anos depois pela população trouxa. A integração que o regime democrático proporciona permite que cada vez mais os cidadãos expressem suas opiniões políticas e ajam para que elas sejam atendidas, seja através da ouvidoria do Ministério da Magia ou de uma simples posição tomada diante de uma roda de amigos, formando um importante passo para o debate e para a resolução de questões sociais pertinentes ao nosso encargo. Mas nem todos os aspectos do sistema político atual estimulam a participação dos civis, como a impossibilidade da criação de projetos de lei de iniciativa popular e da realização de audiências públicas.

Para evitar a desvalorização dos votos dos eleitores e reconhecer a mudança de satisfação da população ao longo do tempo, a eleição do Ministro da Magia acontece no máximo a cada sete anos. Por outro lado, o escolhido pode ser reeleito sem um limite de vezes. Estabelece-se então um limite de tempo de mandato que a própria população prevê, podendo durar apenas sete anos (como aconteceu com o ministro Perseus Parkinson após sua tentativa de aprovar uma lei que tornava ilegal o casamento com trouxas) quanto algumas décadas: Faris Spavin ficou 38 anos no cargo e apenas decidiu deixá-lo voluntariamente aos 147 anos. No geral, o histórico de bruxos que assumiram o comando do Ministério é competente, podendo-se atribuir em parte a preservação da participação popular a esse fato. Porém, não foi suficiente para que fosse estipulada a necessidade de um profissional que advogue as causas de réus. Atualmente, quase não vemos alguém com conhecimentos jurídicos na defesa de um acusado, além das testemunhas; e quando acontece, não se trata de um profissional no assunto. Ainda que a Suprema Corte dos Bruxos sempre demonstre precisão em suas decisões, não podemos descartar em nome de sua competência o direito à ampla defesa.

A população acompanha cada nova medida tomada, pressionando aquelas com a quais não concorda e apoiando as que lhe beneficiarão. É de praxe sempre estar atento às notícias no mundo bruxo, apesar de ser necessário atuar de forma mais veemente na política. Raramente movimentos sociais e manifestações são organizadas em prol de alguma causa. Mesmo que ignoradas atualmente, são duas formas muito eficientes de proferir as mudanças que a sociedade deseja, ainda mais se considerarmos o fato de que o Ministro da Magia é o único cargo eleito democraticamente, deixando-nos sem outros governantes a quem recorrer e cobrar providências diretamente. Ao longo de nossa história, organizações como a Sociedade de Apoio aos Abortos (que auxiliava os abortos que viviam no Mundo Bruxos) e a Campanha para Maior Liberdade de Bruxos (que evitou regulações ministeriais sobre a forma como os bruxos celebravam o Halloween) chamaram a atenção de todo o público para seus princípios e deixaram seu legado.

A sociedade mágica tem um histórico repugnante em relação ao sangue trouxa, avesso a pessoas não mágicas, a nascidos-trouxas e a mestiços, mas que vem melhorando ao longo do tempo. A pureza de sangue sempre foi venerada, sendo, por exemplo, uma condição para o aluno ser ensinado em Hogwarts por Salazar Slytherin em outrora. Ganhou força com a vigência do Estatuto Internacional do Sigilo, pois bruxos evitavam o casamento com trouxas para que estes não descobrissem a existência da magia. Isso refletiu na política, pois a sociedade começou a participar dela mais ativamente simplesmente por medo de que Ministros trouxas interferissem em nossos assuntos, caso nos mostrássemos incapazes de resolvê-los sozinhos. Atualmente, com a conscientização de que não existe um sangue superior e que conclusões diferentes a essa geram eventos desastrosos, passamos a atuar politicamente pela preocupação em exercer e cobrar nossos direitos, e não por medo de alguma intervenção dos trouxas.

Estamos em uma época onde os bruxos estão mais racionais sobre questões que envolvem a coletividade, apesar da resistência de uma parcela significativa. Somos capazes de ponderar sobre pontos de vista alheios, uma conduta inadmissível em tempos sombrios pelos quais passamos. Momentos em que eleições populares foram interrompidas e personalidades autoritárias concentraram muito poder em suas mãos. Ainda há muito o que ser desenvolvido, sem dúvidas. O acesso à transparência, por exemplo, é restrito com a falta de divulgação de dados gerais e de despesas do Ministério da Magia. Mas, com a evolução crescente de nossa tolerância e participação, poderemos alcançar uma sociedade mais virtuosa e um sistema franco e receptivo.