Por:  Jenny Keller E. McCready Enquanto terminava uma matéria, dei-me por conta que tudo encontrava-se em um silêncio mórbido. Largu...

Conto: O Sorriso da Morte

Por: Jenny Keller E. McCready



Enquanto terminava uma matéria, dei-me por conta que tudo encontrava-se em um silêncio mórbido. Larguei tudo que estava fazendo, peguei minha bolsa, fechando a porta logo em seguida. Quando tranquei a mesma, olhei ao redor e percebi que era a única que havia continuado ali naquele andar. O elevador era lento e demorava demais para chegar ao 11º andar. Meia noite, cansada e com sono, lá estava eu, andando pelas ruas sujas e desertas dessa cidade. Minhas únicas companhias eram a Lua, as estrelas, a neblina e alguns animais de vida noturna. Num canto havia um cão e um gato tentando encontrar alimentos, revirando latas de lixo. Em outro ponto da rua, ratos entravam e saíam de um esgoto próximo ao mercado da esquina. Enquanto meus saltos tocavam a calçada, ecoando um " toc toc ", estava tentando lembrar por que havia saído tão tarde do emprego, quando ouvi um uivo e logo em seguida, passos atrás de mim. Apertei o passo, sem olhar para trás um só momento. Comecei a tremer e a suar frio. Coração acelerado. Não tinha sido preparada pela vida para aquele momento crucial.

Aqueles passos não paravam de me seguir. Em um assombro de coragem, virei-me olhando para trás em meio a uma viela. Não havia nada além de sombras causadas pela luz do luar. Parei por um instante, olhando em meu redor. Absolutamente nada vivo andava por ali além de mim e as lagartixas presas nas paredes dos prédios pelo qual passava. O medo aumentou pelo simples fato que eu podia sentir a presença de alguém ali. Não tinha a certeza naquele momento se estava ficando completamente insana, ou, estava sendo seguida por algo sobrenatural. O medo era maior que a minha razão. Aos passos rápidos que dava, não eram suficientes para apagar a sensação de algo perto de mim. Comecei a correr desesperadamente. Parei na primeira esquina antes do Park, ofegante. Tomei coragem novamente e olhei. Nada! Comecei a pensar que talvez eu estivesse imaginando coisas ou que no final era só minha mente querendo pregar peças em mim. Continuei a andar, tentando manter a calma. Faltava pouco pra chegar em casa. Aquela sensação de segurança era a única coisa ao qual conseguia me apegar.

Ajeitei a bolsa no ombro, colocando minhas mãos dentro de meu sobretudo vermelho. A noite estava fria a o horário não estava ajudando em nada. Ao cruzar o Central Park, tive a sensação de que alguém estava me chamando. Não havia ouvido nenhuma voz, nem ao menos um sussurro. Parei no mesmo instante, olhando novamente para trás. Ao fazer aquilo, percebi que realmente havia não somente a minha pessoa no local. O vulto que estava se aproximando sorrateiramente de mim, estava com um capuz preto, deixando que apenas seus olhos ficassem a mostra. Foquei-me naquilo. Os olhos cintilavam em um vermelho paixão. Aquele brilho começou a enfeitiçar minha mente. Congelei-me no lugar, olhando fixamente aquelas duas bolas de fogo. Meu corpo enrijeceu e minha mente começou a flutuar. Quando a aproximação ficou palpável, senti o toque dos lábios de um homem. Eram macios e delicados. Fechei os olhos. Quanto mais ele aprofundava os beijos, mais meu coração batia descompassado. Ao abrir os mesmos, vi um rosto angelical me observando enquanto sentia algo ser levado de mim. Depois daquilo, apenas um sorriso restou em meus lábios.

[...]

Algumas horas mais tarde o corpo de uma mulher foi encontrado em um completo estado de mumificação. O mesmo encontrava-se sem um pingo de sangue ou fluídos. Estava completamente seca. Não sabe-se que criatura tirana foi capaz de um ato tão cruel. A única coisa que se tem certeza é que a mulher morreu feliz, por levar no rosto um sorriso de morte.

[MORAL DA HISTÓRIA: QUANDO ACHAR QUE ESTÁ SENDO PERSEGUIDA, CORRA COMO SE O AMANHÃ DEPENDESSE DISSO!!]