Por: Annie Miller Slowli
“Provavelmente sua pessoa não me conhece e não faz a mínima ideia de quem eu sou. Prefiro que me chame de 'um aluno de Hogwarts'. Sim, eu estudo na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Envio essa carta na esperança que minha voz possa ser ouvida e de certa forma um desabafo para meu descontentamento com a atual estrutura docente, principalmente.
Estou desde o meu primeiro ano estudando aqui em Hogwarts e sempre fui um aluno deixado de lado, entretanto nunca deixei de observar as coisas e o que tem acontecido aqui. Como sou um aluno da Sonserina, sou extremamente astuto. Aprendi em todos esses anos que é necessário observar mais do que ser observado. Se todos os alunos fossem assim, saberíamos como os segredos de Hogwarts funcionam.
Ultimamente tenho visto que a escola não é mais segura como antes, comensais atacando, alunos correndo perigo, sem contar nessa desordem que se estabeleceu sobre a própria instituição. Atualmente temos uma filosofia muito estranha nos corredores da escola, 'o ser se confunde com o parecer'.
Esse ditado de fato é o que tem acontecido em Hogwarts. Muitas pessoas que nem mesmo são dignas de muitos atos e glória estão sendo elevadas ao máximo do status dentro dos muros de nossa escola. Creio que vossa pessoa provavelmente também esteve durante sete anos nos muros fantásticos dessa escola. E é por este mesmo motivo que finco meus ideais no contra o oportunismo e o alpinismo social que pelo que vejo se alastrou desde os alunos até mesmo o corpo docente. Que os leitores me perdoem, mas acredito com absoluta convicção que Hogwarts se transformou em uma troca de favores que vão desde os mais ilícitos aos mais despudorados.
Queria dizer que Hogwarts este ano desapontou e muito. Não somente a mim, mas aos alunos em geral. Uma verdadeira confusão se estabeleceu na escola no que diz respeito aos professores. O corpo docente simplesmente esfarelou um dos grandes pilares de Hogwarts. Foram inúmeras substituições, demissões e reclamações. Em uma semana estávamos com um professor e na outra com outro completamente diferente. Em sua grande maioria professores completamente despreparados, nos enviando a missões absurdas, desnecessárias, muitas vezes completamente desgastantes, com a absoluta regra de nos testar perante os outros. Isso é errado? Não! Concordo que os professores estão realmente ali para fazer com que aprendamos o conteúdo e que, sim, façamos tarefas que requeiram nossas habilidades, afinal o mundo bruxo, mesmo estando aparentemente “pacífico”, é um mundo onde se requer coragem, lealdade, inteligência e astúcia, qualidades que fazem parte de nossos pilares interiores assim que somos selecionados pelo não menos ilustre Chapéu Seletor. E com todo o respeito aos docentes, acredito que muitos alunos não tiveram um ano letivo sucinto. Muitos alunos cabulavam as aulas por se sentirem desmotivados com essas mudanças repentinas e eu pergunto onde estão os bons professores? Onde foram parar os professores que faziam a diferença, que nos faziam estudar a todo o vapor, que passavam para nós atividades mais interessantes? Sinceramente, não acredito que tenham morrido ou desistido de dar aulas.
Então digo a vossa pessoa que, se essa carta chegar realmente as mãos de alguém de prestígio, queria apenas que minha voz, a voz de um aluno completamente desfocado dos que demais alunos, fosse ouvida. Eu apenas estudo e faço o possível para ser um bom aluno e por isso não quero que Hogwarts padeça na hipocrisia e mesmice. Hogwarts sobreviveu a grande guerra bruxa onde tivemos heróis memoráveis, dentre eles alunos de todas as casas, de todos as classes e 'berços', se assim podemos dizer. Se vencemos o mais temido Lorde das trevas de todos os tempos, aquele que a geração de nossos pais fora proibida de nomear, por que não salvar a própria escola deste caminho declinante? Apenas quero, desejo do fundo do coração, que Hogwarts não perca o que tanto me cativa... que não perca essa magia da qual apelidamos de nosso lar.”
— Conteúdo de uma carta enviada ao Profeta Diário, cujo autor preferiu não ser citado.