Por: Colaboradora (Sabrina O. Hoffmeister) Os Suspeitos Usavam Louboutins: era este o título do artigo publicado na revista america...

Papo Trouxa


Por: Colaboradora (Sabrina O. Hoffmeister)

Os Suspeitos Usavam Louboutins: era este o título do artigo publicado na revista americana Vanity Fair que serviu de base para Sofia Coppola contar em The Bling Ring – A Gangue de Hollywood a intrigante história dos jovens que furtavam casas de celebridades nos arredores de Hollywood. A vida de glamour e holofotes pareceu colaborar com Sofia, deixando fluir por um roteiro bem amarrado todos os passos dados pelos delinquentes.
Em The Bling Ring, Sofia Coppola opta por não somente mostrar como de fato aconteceu o caso que ganhou a mídia em 2010, mas se revela intimista ao dedicar alguns minutos a vida pessoal de cada um dos cinco membros da gangue referida pelo subtítulo brasileiro. Os personagens de Sofia, inspirados por pessoas reais, ganham personalidades fortes e bem definidas, provavelmente pela escolha do bom elenco que tem Emma Watson, Katie Chang, Taissa Farmiga, Claire Julien e Israel Broussard.

O trabalho e desafio maior certamente foi o roteiro escrito por Sofia e Nancy Jo Sales, a jornalista da Vanity Fair. É com sabedoria que Sofia se empenha em traçar os sentimentos por trás de cada um dos jovens ladrões, perpassando o receio, o medo, a excitação e a felicidade mais verdadeira pela conquista a cada furto bem sucedido.

A própria abertura do filme antecipa emoções no espectador de ansiedade e temor, quando uma câmera noturna de segurança de uma das casas permanece estática enquanto os cinco jovens cautelosamente pulam o muro. Silêncio por toda a cena. É mais um momento que o filme brinca, induzindo a pensar que eles serão pegos a qualquer momento.

E várias outras vezes Sofia provoca esse sentimento. Fica evidente, na maior parte das cenas, que a diretora tenta transparecer a inocência dos ladrões que, apesar da coragem para pular muros, destrancar portas e abrir cofres, não têm noção do perigo que correm a todo instante. Essa constatação é feita de maneira discreta, quando em certa cena dois membros do grupo invadem uma mansão cujas paredes são de vidro e a câmera apenas observa de longe eles entrarem e saírem.

Assim como em 2010 o caso veio à tona, o filme é recortado e dividido entre cenas que buscam contar os roubos com uma linearidade e cenas de um falso-documentário, onde Annie Fitzgerald interpreta uma repórter da Vanity Fair entrevistando cada um dos cinco. É como se o próprio filme tentasse lembrar durante diversos instantes de que se baseia em fatos reais.

É já em sua terceira parte que The Bling Ring  perde o ritmo estabelecido por roubos e festas. A musicalidade se ausenta, as cores saem de cena e o filme se arrasta para contar que fim levou cada um dos jovens. Ainda antes de terminar, o filme preocupa-se em mostrar mais do que o espectador se interessaria sobre os personagens, se estendendo além do necessário.