Elisa E. Ferrer McCready
Todo mundo sonha com o dia em que aquele grande amor, aquele amor, que faz os sininhos tocarem, será finalmente o encontrou? O caminho até que isto aconteça, no entanto, muitas vezes parece difícil demais. Neste caminho geralmente estão às decepções com relações que pareciam perfeitas, mas que acabaram não dando certo. Está também à busca, que às vezes parece interminável, por uma pessoa com quem haja uma razoável quantidade de afinidades, e que goste de nós tanto quanto gostamos dela. Os amigos tentam ajudar, apresentam solteiros em busca de uma relação, mas cadê a empatia com aquela pessoa que realmente parecia ter tudo para ser considerada perfeita? Aqui no site algo parecido acontece. Ele funciona quase como outro amigo, só que este “apresenta” uma quantidade imensa de pretendentes. Mas cadê aquele que tanto buscamos?
Um belo dia, depois de muitas buscas, decepções, esperanças, alegrias e tristezas, parece que o seu dia finalmente chegou. Você encontrou alguém interessante, com intenções parecidas com as suas, com expectativas semelhantes, com gostos compatíveis... E o melhor, ele também está interessado em você. Os tais sininhos enfim parecem soar e tudo seria perfeito, se não fosse somente um “detalhe”: seu amor chegou na hora errada.
Como assim “hora errada”? Exatamente assim. Ele chegou, por exemplo, pouco antes de você fazer uma viagem de intercâmbio em que vai passar um ano fora do país. Ou então você acabou de se decepcionar seriamente com alguém e decidiu que prefere não se envolver com ninguém agora. Ou mesmo o tal pretendente em questão é ninguém menos do que seu/sua colega de trabalho, sendo que a empresa de vocês não admite relações entre funcionários. Diante destas e de tantas outras situações em que o amor chega na hora errada, o que fazer? Como agir?
Em primeiro lugar, creio ser necessário pensar se existe alguma solução para o problema. Isso porque há casos em que algo pode ser feito para que a relação tenha condições de continuar. Se a tal viagem do exemplo não estiver 100% confirmada, é o caso de se pensar em adiá-la, ou transformá-la em um passeio a dois. Se o relacionamento fará com que os empregos de vocês corram risco, um dos dois (ou ambos) pode(m) começar a buscar novas oportunidades. Enfim, o fundamental é vocês botarem a cabeça para pensar em soluções.
Se estas soluções não existirem, ou seja, se estar junto neste momento realmente for impossível, talvez seja interessante vocês pensarem na viabilidade da relação acontecer em outro momento, ou mesmo de outra forma. Se vocês estarão afastados fisicamente, será que continuar à distância funcionaria? Se os dois concordarem que sim, ótimo. Se um (ou os dois) acharem que não, o que planejar para a volta? O quanto um pode/deve esperar pelo outro? Não há respostas certas ou erradas aqui, e o importante é que os dois conversem e tentem chegar a um acordo.
Em outros casos – como o da decisão de não se envolver, decorrente de uma frustração – uma pergunta deve ser feita: será que é mesmo a hora errada? Afinal de contas, quem determinou que o momento é “certo” ou “errado” foi você, o que significa que você pode redefinir tudo sempre que quiser. Muitas vezes estabelecemos determinadas regras para nós mesmos e acabamos nos esforçando para segui-las rigidamente apenas para nos sentirmos coerentes com nossos próprios pensamentos. É essencial, no entanto, termos flexibilidade suficiente para que mudemos de idéia, para que pensemos de modo diferente e escolhamos caminhos que não previmos.
É importante também avaliarmos se pensamos ser o momento errado por algum medo ou qualquer outra resistência ao relacionamento. Há certas pessoas que buscam desesperadamente uma relação, mas quando finalmente a conseguem, encontram inúmeros defeitos nela ou no companheiro. Entre esses defeitos pode estar justamente à ideia de ser a hora errada. Acontece que todos esses problemas podem estar ocultando a dificuldade real, que é a de se relacionar. Isso pode ocorrer por medo de se frustrar, por medo de se envolver demais ou por diversos outros motivos. É por esta razão que é interessante sempre nos questionarmos se esta é mesmo a hora errada ou se qualquer outro momento seria igualmente sentido assim. É preciso lembrar sempre que “certo” ou “errado” não são categorias absolutas, mas sim conceitos criados por nós mesmos.