E como a destruição ambiental pode afetar o mundo bruxo
Redator: Liam Chandler Wichbest
Quando se pergunta o tamanho de lixo produzido por um bruxo, normalmente a resposta é pouco preocupante. Há dez anos, uma pesquisa independente questionou centenas de bruxos em Londres acerca de suas percepções sobre o aquecimento global e pasmem, apenas 23% deles demonstraram estarem preocupados com essa problemática. Um dos apontamentos levantados pelos criadores da pesquisa justifica essa ausência de preocupação a partir da chamada “bolha mágica” muito citada por alguns sociólogos na caracterização da sociedade bruxa. Esses indivíduos estavam tão presos em seus próprios mundos de simplicidade com feitiços e poções práticas que, por muitas vezes, ignoravam por completo o crescimento acelerado da produção trouxa e o impacto causado no ambiente ao seu redor. A indústria bruxa muito evoluiu com o passar das décadas, aumentando a quantidade de produtos embalados com um período de deterioração alto (plástico, metal etc), mas o fato é que o acúmulo de lixo nunca foi um grande problema considerando que uma grande pilha de itens inutilizados pode ser desfeita com um simples aceno de varinha. Bom, os trouxas não possuem essa regalia. Eles produzem bilhões de toneladas de detritos que continuam sendo acumulados de forma descontrolada, alternando entre o fundo do oceano até mesmo a camada gravitacional que circula o planeta! Eles não conseguem evitar. É sabido que para cada trouxa atento a reciclagem, existem pelo menos cem outros indiferentes a ação de jogarem uma garrafa de água livremente na rua. Para muitos bruxos, os problemas ambientais parecem uma realidade longe, entretanto a imensa quantidade de reações causadas pela brutal investida humana sobre a natureza tem começado a chamar a atenção de algumas instituições mágicas interessadas em fazer a sua parte de modo a evitar o pior. E elas precisam de ajuda!
Tudo começou em 2010 para o "Hypocampus Project", na Grécia. Uma colônia de sereianos foi seriamente prejudicada quando uma corporação trouxa iniciou um projeto de expansão do turismo regional, construindo cerca de três resorts na costa grega. Todos os detritos oriundos daquele lugar acabaram sendo despejados diretamente no mar, tornando as dependências da colônia cada dia mais inabitáveis, mesclando a ameaça da sujeira com a presença de produtos tóxicos. Antes que os sereianos declarasse uma guerra iminente, um grupo de bruxos decidiu tomar uma atitude e conseguiu se utilizar da magia para filtrar a água podre e o lixo, impedindo que este atingisse não apenas os moradores subaquáticos, mas também a vida da população bruxa habitando as vilas praianas. “Foi uma surpresa.” Afirma Felicity Corard, uma das precursoras do projeto. “Nunca havíamos prestado atenção na força que o lixo trouxa poderia ter em nossa bela praia. Hoje considero extremamente essencial a presença de bruxos interessados na proteção ambiental em outras nações do mundo.” E suas ideias se espalharam pelo menos por toda a Europa, pois o Hypocampus possui sedes no Reino Unido, Itália, Portugal e Noruega. Já nas terras da rainha, algumas instituições tem se focado na construção de reservas florestais de modo a proteger a fauna e a flora mágica. Os “Amigos de Braços Folhados” ganharam esse nome, pois sua primeira ação se focou no resgate de tronquilhos prejudicados quando uma área florestal britânica foi extremamente afetada por uma série de desmatamentos frequentes. Junto dos amigos folhados, outras criaturas mágicas como grupos de agoureiros, hipogrifos e unicórnios também sofreram com a perda de habitat. “É extremamente delicado, pois como tudo no mundo mágico, essas criaturas vivem em um delicado equilíbrio e não podem ser tão perturbadas dessa forma.” Refletiu Heath Port, representante da organização em relato para o jornal. Quando retirado bruscamente de um ambiente natural, um tronquilho pode demorar semanas para se readaptar, correndo o risco de acabar falecendo no meio do processo. Hoje, unindo forças com outras ações governamentais, o grupo conseguiu delimitar uma área protegida legalmente, onde barreiras de proteção mágica foram erguidas para evitar que os trouxas a acessem ou mesmo consideram, de alguma forma, a sua existência. Diante dessa alternativa, surge uma pergunta: Por que os bruxos simplesmente não põem um fim em todos esses problemas ambientais com um simples gesto de mão?
Quer dizer... eles possuem o instrumento, não é?! A magia é capaz de muita coisa e partindo do ponto que um conjunto de ações podem melhorar em muito a realidade ambiental, por que não simplesmente agir com feitiços e encantamentos de precaução e reversão? Essa resposta é um pouco delicada. Assim como todas as discrepâncias entre bruxo e trouxa, o limite de interação entre as duas sociedades ainda permanece ativo, independente de como eles se entrelaçam em dificuldades comuns. “A sociedade trouxa ainda é dominante. Mesmo para a magia, está fora de alcance impedir que todas as suas atitudes sejam contornadas. Ainda que muitos bruxos tentem, não é possível acreditar que feitiços são suficientes para impedir calotas polares de derreterem e a extinção dos rinocerontes brancos quando diariamente outros indivíduos permanecem trabalhando para que isso ocorra.” É a visão de Paul Irwin, famoso pesquisador ambiental bruxo. Ele também ressalta que interferir diretamente com o capitalismo trouxa pode inferir uma ameaça grande acerca dos limites entre os dois mundos. “Ainda assim é importante que continuemos realizando os nossos trabalhos, mesmo que de forma localizada e concentrada. Possuímos uma grande responsabilidade e poder em mãos, algo que não pode simplesmente ser ignorado.” Seu pensamento explica uma realidade simples de compreender. O planeta é a casa de todos os seres humanos e até mesmo a magia pode ser afetada à medida que ele lentamente é destruído. Cabe a todos aqueles, independente de qual lado, entenderem quais as ferramentas que possuem e como podem utilizá-la para ajudar nessas campanhas.
Durante o andamento do confronto atual na Grã-Bretanha, vale-se destacar que infelizmente o controle do Ministério da Magia acerca de causas ambientais se perdeu, incluindo as barreiras de proteção em reservas naturais, deixando-as livres para a invasão trouxa.