Por: Annie Miller Slowli Quando comparadas ao avanço fulminante da sociedade trouxa, não importando o período de tempo considerado,...

O Progresso Histórico da Saúde Bruxa


Por: Annie Miller Slowli

Quando comparadas ao avanço fulminante da sociedade trouxa, não importando o período de tempo considerado, as mudanças ocorridas na sociedade bruxa sempre deixam a impressão de que temos o mesmo estilo de vida há séculos. De fato, existem muitos costumes que parecem fazer parte da cultura bruxa desde o início dos tempos: castelos de pedra, chapéus pontudos, um caldeirão de estanho no fogo e uma varinha do Olivaras em mãos. Mas, se compararmos mais a fundo a sociedade bruxa atual àquela de mil anos atrás, podemos perceber que o desenvolvimento de nossa sociedade não é tão estagnado assim. Um ramo que passou por diversas modificações (lentas, porém cruciais para a nossa prosperidade) foi o da saúde bruxa.

Antigamente, um bruxo comum não possuía a capacidade de fazer e muito menos de inventar processos medicinais que iam além de necessidades cotidianas, como a cicatrização de ferimentos por meio de feitiços curativos simples. A explicação para fenômenos mágicos e naturais ficava a cargo de grandes estudiosos. Muitas vezes, tratavam-se de alquimistas, cujos experimentos e descobertas de processos químicos impactaram a forma como a manipulação da natureza é feita. Por exemplo, seus estudos sobre a transmutação de substâncias são atualmente a base para a elaboração de novas receitas de poções mágicas. Tanto a alquimia (que necessitava utilizar conceitos e símbolos de áreas esotéricas para manter seu sigilo e padronizar definições usadas para nomear processos químicos) quanto o conhecimento popular conversavam muito com outros campos, como a mitologia, a adivinhação e a astrologia. Tem-se em vista que o preparo de medicamentos era repleto de misticismo, como ter que preparar a poção em determinado dia da semana, assim como a sua aplicação, que poderia variar de acordo com o signo da pessoa debilitada. Muitas vezes, a tentativa de recorrer ao sobrenatural para curar alguém derivava do desconhecimento de qual doença atingira a pessoa debilitada ou do engano com outras doenças mágicas (que podiam nem mesmo existir). Geralmente entre as famílias cujos jovens recebiam educação formal, havia um conflito entre os costumes hereditários com o que era ensinado na escola.


A saúde bruxa naquela época não contava com grandes caprichos. Os recursos naturais eram o material mais palpável para as soluções rotineiras, visto que muitos bruxos não tinham instrução. Logo, o uso de ervas e seus derivados eram ainda mais relevantes que atualmente; porém, limitava-se a ervas comuns, que podiam ser cultivadas em casa ou encontradas facilmente na natureza. Prevalecia também a assistência médica doméstica, desempenhada entre os próprios familiares ou por medibruxos tradicionais muitas vezes sem a formação adequada. Foi apenas com a invenção do Pó de Flu no século 13 por Ignatia Wildsmith que bruxos de vilarejos e outras locações mais distantes puderam passar a se transportar com facilidade para centros bruxos, onde poderiam encontrar soluções para doenças mais graves, por exemplo. Um século depois, uma longa e triste marca na história da saúde bruxa teve início: os surtos de varíola de dragão, doença que foi letal para muitos bruxos e que perdurou por duzentos anos, até Gunhilda de Gorsemoor descobrir a sua cura.

No século 17, com a fundação do Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos, houve uma revolução na qualidade de vida da comunidade bruxa britânica. A partir de então, os bruxos que necessitavam de algum tratamento não precisariam mais recorrer a métodos tradicionais duvidosos ou contar com experiências místicas para alcançar a cura. Um estabelecimento público com uma estrutura adequada e profissionais realmente especialistas em saúde bruxa estava à disposição de quem precisasse do mesmo. Um importante papel dessa instituição foi também orientar a comunidade a maneira correta de prevenir e combater determinadas doenças, principalmente aquelas que podiam ser tratadas em casa. Já com a fundação do Ministério da Magia em 1707, a atuação do poder pública tornou-se mais eficaz e organizada. Com o regulamento da venda de poções e ervas, passou-se a fiscalizar o processo de fabricação de medicamentos, evitando que poções fraudulentas chegassem aos consumidores.


A educação bruxa formal modificou aos poucos o antigo cenário da existência de poucas figuras estudiosas para uma sabedoria cada vez mais descentralizada ao propiciar um aumento no número de profissionais da saúde bruxa ou relacionados a ela, como curandeiros, mestres em poções e especialistas em herbologia. Inevitavelmente, houve avanço tanto na integridade de métodos científicos quanto na diversidade de novas descobertas, como o desenvolvimento de feitiços curativos, poções cada vez mais eficazes e o estudo de plantas medicinais. Também, deve-se ao desenvolvimento da economia a disponibilidade e as constantes melhoras na qualidade de ferramentas e ingredientes para poções.

O contexto atual da saúde bruxa, depois de tantas mudanças, apresenta uma excelente qualidade de processos medicinais. O tratamento de doenças e lesões baseia-se o máximo possível no uso de feitiços curativos, método muito mais rápido e preciso do que a cura de antigamente baseada em plantas, que possui um processo demorado até que as ervas estejam em mãos, prontas para uso. E, se o caso não puder ser resolvido com o uso de um feitiço curativo e requerer especificamente a aplicação de uma erva, pode-se obter prontamente plantas de diferentes raridades em lojas especializadas, sem precisar ter uma plantação delas na estufa de casa. A facilidade de acesso a frascos de poções e suas fórmulas por toda a comunidade bruxa é outro importante fator para a saúde bruxa atual, que se diferencia das boticas particulares limitadas às famílias ricas de antigamente – apesar de que a população tem abdicado o preparo próprio de poções em favor da compra dos produtos prontos. Mas isso apenas mostra que o trabalho do Departamento de Fiscalização da Saúde e Medibruxaria para manter a rigorosidade científica na criação de produtos medicinais comercializáveis vem funcionando, bem como seus outros compromissos, como o combate a epidemias.

A saúde bruxa pode ser considerada como um dos sistemas mais exitosos do mundo bruxo, por providenciar qualidade e acesso a toda a sociedade, dirigidos por excepcionais equipes de especialistas multidisciplinares. Nem tudo pode ser resolvido pela medicina bruxa atual, como danos severos causados por feitiços que saíram pela culatra e a cura para a licantropia. Entretanto, os avanços vindouros só serão alcançados se o caminho percorrido para se chegar a esse nível de excelência não for negligenciado.