Por: Éire Avalon Beoulve Por muitas vezes é comum ouvir de algum bruxo possuidor da empatia que o dom é, claramente, algo inconstan...

Empatia - De Incômodo à Detector de Mentiras


Por: Éire Avalon Beoulve

Por muitas vezes é comum ouvir de algum bruxo possuidor da empatia que o dom é, claramente, algo inconstante e muitas vezes ensurdecedor. Não que a pessoa fique surda, mas devido ao fato do dom ser diretamente ligado com os sentimentos dos outros, torna-se mais difícil ouvir os próprios, chegando até mesmo a se confundir e não saber mais o que, de fato, está sentindo. Algumas crianças que se descobrem com esse dom, acabam entrando em um autoexílio por não conseguir ficar próximo de muitas pessoas, alguns até chegaram a adotar um comportamento estranho e trocar a noite pelo dia, evitando assim de conviver com pessoas enquanto milhares de pensamentos passam por suas cabeças. Mas, segundo alguns alunos de Hogwarts que decidiram não revelar seus nomes, até mesmo durante a noite é difícil controlar a sensação de não ter controle sobre os próprios pensamentos ou sentimentos, já que muitos de seus colegas de quarto tem sonhos e pesadelos constantes.

Ser empata com certeza não é uma coisa fácil, sobretudo durante a juventude (11/12 anos), onde claramente o controle praticamente é inexistente e a paciência para conseguir manter a calma também é quase nula. Existem os estressados que arranjam confusão por tudo, os estranhos que sempre tendem a agir de maneira inconstante na frente dos outros e até mesmo os introspectivos, que preferem muito mais ficar longe das pessoas do que ouvir o que elas tem pra pensar. A bipolaridade começa a ser diagnosticada e infelizmente quase nunca se encontra um tratamento rápido, sendo assim, a pessoa precisaria conviver com essas mudanças e picos de humor durante alguns anos até que consiga um certo controle daquilo que entra ou sai de sua cabeça. Existem pessoas que até hoje não entendem o que é, de fato, ser algo que não pediu pra ser. Muitos acusam os possuidores da empatia de invasores e os recriminam, achando que o dom é algo que jamais deveria ser usado. Mas, quando se é criança, como conseguir controlar o incontrolável? Já na adolescência, embora o controle seja maior, como será que é sentir os próprios sentimentos combinados com os demais colegas da mesma faixa etária?

Como se não bastasse o constante som dos pensamentos alheios para as crianças, a terrível sensação de não pertencer ao que sente quando se é jovem e aos hormônios começando a dar as caras quando se é adolescente, alguns ainda se aproveitam de pessoas possuidoras do dom, agindo como se elas não passassem de simples objetos de pesquisa. "Já tentaram me usar de detector de mentiras durante uma brincadeira", comentou uma bruxa que acabara de sair de Hogwarts. Ela continua dizendo que era bastante comum algumas meninas pedirem para ela descobrir se os namorados ainda sentiam algo, ou se as estavam traindo. Lendo isso a situação parece bem normal e comum entre adolescentes preocupados, mas o que dizer de como os empatas se sentem? Afinal, embora tenham um dom como esse, também são pessoas e merecem todo o respeito.

"O melhor é quando você começa a adquirir o controle de tudo", revelou outro aluno da escola de magia e bruxaria de Hogwarts, "você passa a ficar de bem com o mundo e com as pessoas, até mesmo conseguindo entendê-las melhor". Talvez isso seja algo que os julgadores de plantão não saibam, mas tanto esse aluno como alguns outros possuidores da empatia, já adultos, confirmaram que após adquirirem o controle, passaram a entender mais as pessoas a sua volta e a respeitar mais, sobretudo aqueles que sabiam que enfrentavam coisas horríveis e que, involuntariamente, conseguiam sentir. "É muito ruim chorar junto com quem está chorando, a sensação de impotência aparece... Mas quando alguém está feliz e eu fico feliz junto, involuntariamente... Ah, eu ganho o meu dia!", continuou o garoto.

De fato, não é fácil receber a responsabilidade de entender e sentir o que os outros sentem, mas com certeza não são apenas os que a possuem que recebem uma grande lição. Nós também aprendemos que a empatia é questão de humanidade, não de dom. Talvez eu esteja enganada, mas em comparação com as milhares de pessoas espalhadas pelo mundo, os empatas, mesmo sendo uma minoria, se mostram mais humanos do que a grande maioria da humanidade.