Por:  Jenny Keller E. McCready Era uma vez, um viúvo que se casou com uma mulher muito malvada, que odiava a filha dele. Um dia, est...

O conto de Baba Yaga

Por: Jenny Keller E. McCready



Era uma vez, um viúvo que se casou com uma mulher muito malvada, que odiava a filha dele. Um dia, estando sozinha com a menina, a madrasta lhe ordenou: " Vá até a casa de minha irmã e peça emprestado o carretel de linha ". A irmã da madrasta era Baba Yaga Pernafina, a bruxa que morava na floresta, em uma cabana sustentada por pernas de galinha. Quando a menina chegou lá, pediu o carretel, a bruxa falou: " Vou procurar! Mas, enquanto isso, teça um pouco para mim ". A filha do viúvo se pôs a tecer. Alguns segundo depois ouviu a bruxa ordenar à empregada: " Ferva água e dê um banho em minha sobrinha, pois quero comê-la no café da manhã ". A mesma esforçou-se para não perder a calma. A garota esperou a criada aparecer na varanda e lhe suplicou que não fervesse a água, em troca lhe deu um lindo lenço de cabeça.

Pouco depois Baba Yaga ordenou ao gato: " Arranque os olhos de minha sobrinha ". O gato, porém, ganhou da menina um pedaço de presunto e lhe deu um pente e uma toalha. " Fuja ", falou. " Se perceber que Baba Yaga está em seu rastro, jogue essas coisas para trás ". A filha do viúvo concordou com o felino e saiu correndo. Os cachorros da bruxa a seguiram, arreganhando os dentes, mas, ela os acalmou com um pouco de pão. Chegando ao portão, só conseguiu abri-lo depois de despejar algumas gotas de óleo nas dobradiças. Ao sair, viu-se presa nos galhos de um velho pinheiro. Afastou-os com determinação e os amarrou com uma fita para que a deixassem passar. Enquanto isso o gato trabalhava no tear. " Você está tecendo? ", Baba Yaga perguntava a todo instante, lá de dentro. " Sim, titia ", o bichano respondia. Desconfiada, a bruxa foi ver o que estava acontecendo na varanda. Ao constatar que a menina escapara, bateu no gato sem dó nem piedade. " Você nunca me deu sequer uma espinha de peixe, mas sua sobrinha me presenteou com um pedaço de presunto ", disse ele.

Espumando de raiva, Baba Yaga bateu na empregada, nos cachorros, no portão, no pinheiro, e todos afirmaram que sua sobrinha os tratara muito melhor que ela. Cansada de ouvir a mesma história, a bruxa montou seu pilão mágico como se fosse um corcel e, usando o socador como açoite, partiu ao encalço da fugitiva. A menina percebeu sua aproximação e jogou para trás a toalha, que no mesmo instante se transformou em um grande rio. Mais furiosa ainda, pois não podia atravessar aquela corredeiras, Baba Yaga voltou para casa, reuniu seus cavalos alados e mandou que os mesmos bebessem toda água do rio. Feito isso, passou para o outro lado e continuou em sua feroz perseguição. Ouvindo-a bufar em seu rastro, a fugitiva jogou para trás o pente, que se converteu numa densa floresta. Estimulada pela raiva, a bruxa adentro a floresta, sendo engolida pela mesma e nunca mais sendo vista com vida. A nobre menina conseguiu chegar em casa sã e salva, sendo acolhida por seu pai, que sabendo da história expulsou a esposa malvada de sua casa e viveu em paz com a filha até o fim de seus dias.

[...]

Essa história é contada de geração em geração. Sabe-se que Baba Yaga ainda habita a floresta e sua alma perambula pelo local atrás de vingança. Conta-se para as crianças que se elas forem desobedientes, Baba Yaga voltar do breu da floresta e as levará para lá e a devorará. Dizem que a mesma ajuda os puros de coração e devora os impuros.